Apple muda e vai permitir que cliente conserte iPhone

A Apple permitirá que os clientes consertem seus próprios aparelhos, em uma iniciativa que poderá reduzir o custo de reparar iPhones e Macs e prorrogar a vida útil dos produtos eletrônicos de consumo. 

A fabricante do iPhone lançou ontem um programa de reparos por autosserviço que permitirá que os clientes comprem componentes para substituir peças desgastadas ou quebradas. 

Inicialmente o serviço estará disponível nos Estados Unidos no começo do ano que vem para as linhas de iPhone 12 e iPhone 13, o que possibilitará que os clientes consertem suas telas, baterias e câmeras em casa. O serviço será ampliado para outros mercados ao longo de 2022 e abrangerá computadores Mac com chips M1. 

A empresa não divulgou como serão precificadas essas peças. 

A reviravolta é abrupta. Ainda no mês passado a Apple combatia uma proposta de um acionista em favor do direito de consertar. A fabricante do iPhone disse que seus próprios especialistas reuniriam melhores condições para prestar suporte a seus produtos. 

A iniciativa ocorre após uma ordem executiva do governo Biden, assinada em julho, que encarregava a Federal Trade Commission (FTC, o órgão regulador do comércio nos EUA) de fazer frente a “restrições anticompetitivas desleais a consertos por terceiros ou a autoconserto de itens”. 

“Essa é uma importante medida da parte da Apple. Mostra que é possível fabricar partes sobressalentes para os consumidores, o que a empresa se recusa a fazer há muitos anos”, disse Ugo Vallauri, cofundador e diretor de política pública do grupo de defesa do direito de consertar Restart Project. 

A mudança da Apple representa a segunda grande vitória para os defensores do direito de consertar em alguns meses, depois do histórico acordo firmado pela Microsoft, em outubro, para tornar seus dispositivos mais fáceis de arrumar. 

Há muito a Apple é criticada por organismos de proteção ao consumidor por manter ferozmente seu monopólio sobre o processo de reparos, que se tornou tão rigoroso que os iPhones deixam de funcionar adequadamente mesmo que dois modelos idênticos tenham suas peças trocadas. 

Os consumidores foram forçados a escolher entre técnicos terceirizados que usam peças adquiridas de fornecedores não certificados ou pagar por reparos nas lojas da Apple, cujos custos podem ser tão altos que muitos se sentem inclinados a comprar novos aparelhos. Por exemplo, o custo de substituição do vidro traseiro de um iPhone 13 Pro Max fora da garantia pode chegar a US$ 599 – cerca de metade do preço de um modelo novo. 

Os defensores do direito de consertar afirmam que quando um consumidor troca um modelo quebrado, isso beneficia os resultados financeiros da Apple, mas sobrecarrega o meio ambiente. Portanto esse passo deverá ser muito bem recebido, supondo-se que as peças sejam acessíveis e tenham preços razoáveis. 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/11/18/apple-muda-e-vai-permitir-que-cliente-conserte-iphone.ghtml

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