Painel FLIP – ESPM   Parte I

Anna Luiza Rodrigues de Freitas, Henrique Souza Prado, Pedro Corrales Furtado de Oliveira e Vítor Marsula, alunos da ESPM/SP

A Festa Literária Internacional de Paraty é um festival literário organizado pela Associação Casa Azul desde 2003, em Paraty, no Estado do Rio de Janeiro. O festival foi idealizado por Liz Calder, uma editora e publicadora inglesa que vivia no Brasil. Sua forma foi inspirada em outros modelos de festivais literários, como o Hay- on-Wye, no Reino Unido, e o italiano Festivaletteratura di Mantova. Durante os dias do festival, são promovidos diversos eventos, como debates, exibições de filmes, exposições, shows, oficinas e outras apresentações culturais. Porém, sua principal programação é a conferência de abertura e as várias mesas, as quais os convidados, grandes nomes que atuam em diversas áreas, são chamados a participarem de uma conversa para debater temas que abrangem o tema do festival como um todo. Também ocorrem dentro da FLIP a Flipinha, uma área com programação voltada às crianças, e a FlipZona, com o foco em adolescentes.

Todo ano, além de trazer diversos autores de diversas nacionalidades, a FLIP escolhe um nome importante para ser homenageado, sendo o primeiro a receber esta honra, o poeta e compositor Vinicius de Moraes. O homenageado da mais recente edição da FLIP (2014) será o artista Millôr Fernandes. Outros grandes nomes homenageados no passado foram João Guimarães Rosa, Clarice Lispector e Machado de Assis, entre tantos outros.

A Associação Casa Azul, por sua vez, possui o objetivo de promover a revitalização urbana sustentável, aprimorar a qualidade de vida do cidadão e promover o turismo sensível aos valores da cultura local. Assim, com a criação e grande trabalho voltado para todas as edições da FLIP, o objetivo não é de apenas promover a literatura, mas também ajudar na transformação, evolução, e melhora da cidade.

2. CONCORRÊNCIA

Para análise da concorrência que a FLIP possa ter, serão levados em consideração outros grandes festivais ou festas literárias que ocorrem no decorrer do ano por todo o território brasileiro.

O termo concorrência possui diversas definições, e uma delas seria a rivalidade de interesses entre comerciantes ou indústrias que tentam atrair a clientela alheia com melhores condições de preço, de qualidade, entre outras variáveis. O evento analisado, assim como seus possíveis concorrentes, não se encaixam neste termo em específico. Não há conotação de rivalidade entre os eventos literários, na verdade, muito pelo contrário, são espaços para profissionais da área, ou pessoas interessadas pelo tema, de debaterem suas ideias e viver novas experiências. Se tratam muito mais de espaços de integração que se inter-relacionam do que uma concorrência propriamente dita. Muitos frequentadores de um específico evento, interessados pelo tema, provavelmente comparecerão à outros por se interessarem pelo assunto. Além disso, a FLIP se encaixa na verdade em uma grande cadeia de diversas festas literárias que já ocorrem por todo Brasil ao longo do ano. Por sua repercussão internacional, presença de autores nacionais e estrangeiros renomados, e a grande infraestrutura que circula o evento, este evento em específico recebe um destaque no cenário das festas literárias do país, mas não exclui de maneira alguma a importância das outras feiras e festas literárias brasileiras.

Abaixo encontra-se uma lista de outros eventos literários importantes que ocorrem por todo o Brasil, com o local do evento, assim como o mês de sua realização:

  • Bienal Internacional do Livro (São Paulo e Rio de Janeiro) Org. Câmara Brasileira do Livro. Agosto;
  • Fórum das Letras (Ouro Preto) Org. Universidade Federal de Ouro Preto. Novembro;
  • Feira do Livro de Ribeirão Preto. (Ribeirão Preto) Org. Fundação Feira do Livro de Ribeirão Preto. Junho;
  • Feira do Livro de Brasília (Brasília) Org. Associação dos Bibliotecários do Distrito Federal e Câmara do Livro de Brasília. Outubro;

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  • Festa Literária Internacional de Pernambuco (Olinda) Org. ARC – Editora e Produções Culturais Ltda. e Editora Fliporto. Novembro;
  • Feira Pan-Amazônica do Livro. (Belém) Org. Governo do Estado do Pará. Setembro;
  • Feira do Livro de Porto Alegre. (Porto Alegre) Org. Câmara Rio-Grandense do Livro. Novembro;
  • Festival da Mantiqueira – Diálogo com a Literatura. (São Francisco Xavier) Org. Governo do Estado de São Paulo. Maio;

3. MOVIMENTAÇÃO DE CAPITAL

A Festa Literária Internacional de Paraty movimenta uma considerável quantia de capital tanto humano quanto financeiro. Todo ano, após o evento e toda a mensuração necessária, a FLIP, em cooperação com o Ministério da Cultura, com o Governo do Rio de Janeiro, e com a Associação Casa Azul, emitem um relatório com todas as informações mais importantes da última edição do festival. Para análise estatística da feira serão utilizados nesta secção dados levantados da FLIP de 2013.

Em termos financeiros, foi estimado que a FLIP realizada no ano de 2013 movimentou cerca de R$ 14 milhões. Para realização deste cálculo são levados em consideração todos os aspectos em que o evento gerou renda para a cidade. O evento mobiliza um grande número de trabalhadores, tanto assalariados quanto não remunerados. A equipe total da FLIP de 2013 contou com 888 pessoas, sendo 831 assalariados e os 57 restantes, voluntários (FLIP, 2013). Portanto, a feira em si pode se caracterizar como uma ótima fonte de empregos temporários, ou mesmo trabalhos para pessoas que queiram somente apreender um pouco mais sobre o setor e ter uma nova experiência profissional.

Paraty é uma cidade que possui 33.062 habitantes (IBGE, 2010), e para o evento realizado em 2013, foi estimado um público geral entre 20 e 25 mil pessoas (FLIP, 2013). Este enorme público, comparado com a população de habitantes do município, representa por si só o quão importante este evento é para a cidade e o quanto traz de reconhecimento para a mesma, seja de brasileiros que não possuíam familiaridade com Paraty, ou de estrangeiros interessados em conhece-la.

Os países participantes da edição de 2013 que tiveram autores estrangeiros convidados foram a Argentina, Bósnia e Herzegovina, Espanha, EUA, França, Irlanda, Itália, México, Portugal, Reino Unido e Suíça. Para FLIP de 2013 foram convidados 98 autores para participarem dos debates e conversas, sendo 75 brasileiros e 21 estrangeiros representando os países listados acima. Dessa forma, percebe-se que a presença de autores brasileiros no festival ainda é bem maior, no entanto, o mesmo continua a ganhar maior visibilidade internacional e o número de autores estrangeiros continua a crescer. A questão da presença internacional da FLIP em outros países será abordada futuramente neste trabalho.

O festival literário também possui uma alta divulgação em mídias tanto digitais, quanto impressas. Durante o mês de julho, houveram 145.316 acessos ao site da FLIP, sendo quase a metade destes acessos, 67.977, foram durante os dias do evento, totalizando uma média de 13.595 acessos por dia desde o início até o fim do evento (FLIP, 2013). Pode-se perceber a partir dos números citados que a FLIP, assim como a grande parte dos eventos de algum setor, possui pico de audiência em sua realização, entretanto, para o tamanho do evento, o acesso continua sendo alto mesmo em dias fora da realização da festa literária em si.

Entretanto, não são somente ganhos financeiros que a Festa Literária Internacional de Paraty proporciona. Os ganhos em infraestrutura, desenvolvimento de capital humano, e reconhecimento internacional são muito grandes também. A cidade toda se mobiliza para receber este evento, que não se trata apenas de uma feira literária, mas sim uma festa como o próprio nome já diz. Shows com grandes músicos brasileiros tomam conta das noites da cidade, exposições e apresentação de cirandeiros tradicionais são alguns dos fatores que movimentam um grande capital não somente financeiro, como também humano na cidade sede da FLIP.

O Interessante de se notar é que não somente a FLIP, mas todas as outras feiras ou festivais literários citados no capítulo anterior, estão utilizando cada vez mais destes eventos para promover o turismo e reconhecimento de suas cidades. Portanto, estes eventos se tornam cada vez mais potencializadores da economia local e atraem cada vez mais atenção, nacional e internacional, principalmente na época de realização destes grandes eventos literários.

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