Uber e Lyft vencem votação na Califórnia

A Uber e a Lyft conquistaram o apoio dos eleitores da Califórnia à nova regra que isenta as duas empresas da obrigação de contratar os motoristas como seus funcionários. O resultado do referendo fez com que suas ações disparassem ontem na bolsa, por suspender o que as duas companhias definiam como uma ameaça existencial a seus modelos de negócios. 

Empresas da “gig economy”, que engloba formas de trabalho alternativo ou temporário como o realizado para aplicativos, arcaram com boa pare do custo de US$ 200 milhões da campanha em favor da aprovação da Emenda 22, uma medida estadual submetida à votação no dia 3. Ontem, com 71% da apuração concluída, a emenda já tinha garantido mais de 58% dos votos. 

A medida significará que a Uber e outros grupos da “gig economy” não precisarão cumprir uma lei da Califórnia que obrigaria as empresas a tratar seus trabalhadores como funcionários formais, com direito a benefícios como plano de saúde, férias remuneradas, entre outros. 

A Uber e a Lyft afirmaram que cumprir a lei tornaria suas empresas impraticáveis e as obrigaria a deixar de operar na Califórnia. 

De acordo com a Emenda 22, as empresas oferecerão opções limitadas de assistência médica e uma garantia de renda mínima, enquanto os motoristas permanecerão na condição de prestadores de serviços independentes. 

As ações da Uber subiram 14,6% na bolsa de Nova York e as da Lyft se valorizaram 11,3% na Nasdaq. 

“Com essa votação, os motoristas e as pessoas que trabalham com entregas obterão o que tantos de vocês vinham pedindo: acesso a benefícios e a proteção, ao mesmo tempo em que manterão a flexibilidade e a independência”, escreveu o executivo- chefe da Uber, Dara Khosrowshahi, em mensagem aos motoristas do Estado. 

Organizações trabalhistas contrárias à Emenda 22 reconheceram o resultado da disputa pouco antes da meia-noite, no horário da Califórnia. Em comunicado, os grupos reiteraram seu ponto de vista de que Uber, Lyft e outras empresas estão explorando os trabalhadores. 

 “Não foram os que exercem o trabalho eventual que perderam hoje; quem perdeu foi a democracia”, disse um porta-voz do Gig Workers Rising, um grupo setorial contrário à emenda. “Quando as empresas gastam centenas de milhões de dólares para escrever suas próprias leis trabalhistas… Isso é um prejuízo para o nosso sistema de governo e para a população trabalhadora.” 

Analistas preveem que a vitória na Califórnia dará impulso à Uber para levar medidas como a Emenda 22 a outras partes dos Estados Unidos em que também há polêmica sobre o assunto.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/11/05/uber-e-lyft-vencem-votacao-na-california.ghtml

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