Protestos trazem novas incertezas ao mercado chinês

Os protestos contra as restrições impostas no combate à covid-19 na China podem lançar uma sombra sobre os ativos do país e aumentar o sentimento de risco nos mercados globais, à medida que as negociações sobre as medidas forem retomadas no início da semana. Uma eventual volta do aumento de restrições provavelmente levará investidores a mudar para ativos considerados como portos seguros, como o dólar, o iene e os títulos americanos. 

A demanda por ações ligadas às commodities e moedas expostas ao comércio com a China, incluindo o dólar australiano e o won coreano, podem enfraquecer. A dramática reviravolta nos acontecimentos adiciona novas incertezas às perspectivas da segunda maior economia do mundo e de seus mercados. 

A incerteza aumenta após os afrouxamentos recentes dos controles sobre o coronavírus e amplos esforços de resgate de propriedades terem ajudado as ações chinesas a registrar uma recuperação notável. 

Protestos contra o governo de Xi Jinping foram desencadeados após um incêndio em um prédio de apartamentos ter ocasionado 10 mortes. Os participantes dos protestos culpam a política de covid zero e os bloqueio pela tragédia ocorrida na semana passada. Com o aumento da instabilidade social na China, os investidores estrangeiros podem reduzir a exposição ao mercado chinês”, disse Ken Cheung, estrategista-chefe de câmbio asiático do Mizuho Bank em Hong Kong. “Parece que a política covid zero está chegando ao seu ponto de inflexão. Mais flexibilizações ou um refinamento nas medidas contra a pandemia serão necessárias para conter essa alta do descontentamento.” 

De acordo com Cheung, “o yuan, provavelmente, vai se enfraquecer mais, enquanto a maior demanda por ativos de proteção pode impulsionar o dólar”. A turbulência pode ressurgir em um momento no qual o otimismo havia reemergido nos mercados do país asiático desde que Pequim reduziu períodos de quarentena e flexibilizou testes mandatórios de covid. 

As medidas de relaxamento sobre a pandemia tomadas nas últimas semanas pelo governo chinês desencadearam um rali que adicionou quase US$ 370 bilhões às ações no índice MSCI China. O yuan subiu para uma máxima em oito semanas no início deste mês, enquanto medidas mais fortes para aliviar os problemas imobiliários do país também levaram a uma recuperação nos títulos de companhias de desenvolvimento. 

Os protestos, no entanto, podem enfraquecer o clima favorável, especialmente agora que alguns investidores estão começando a avaliar que as ações chinesas podem ter chegado a uma encruzilhada após os recentes ganhos acentuados. Essa percepção vem se tornando mais presente apesar de um coro crescente de recomendações de ativos da China em Wall Street, citando avaliações baratas e políticas mais amigáveis. 

Nos mercados globais, a agitação na China também pode frustrar as esperanças de que um índice de moedas de mercados emergentes registre seu melhor desempenho mensal em seis anos. Segundo Tommy Xie, chefe de pesquisa da Grande China no Oversea-Chinese Banking Corp, “sempre que algo contradizer uma flexibilização na política de covid, o mercado ficará confuso e o apetite ao risco será atingido. 

https://valor.globo.com/financas/noticia/2022/11/28/protestos-trazem-novas-incertezas-ao-mercado-chines.ghtml

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