Por que o dirigível da Goodyear não foi substituído por drones

The New York Times; Nos últimos 70 anos, o dirigível da Goodyear tem sido tão onipresente no mundo dos esportes quanto o hino nacional. A pequena frota de dirigíveis da fabricante de pneus tem flutuado sobre jogos de futebol, corridas da Nascar, torneios de golfe e outros eventos, fornecendo cobertura aérea para as emissoras e sinalizando aos fãs que um espetáculo esportivo está em andamento.

O relacionamento da Goodyear com redes de televisão e organizadores de eventos é um patrocínio único e duradouro. Desde 1955, quando a NBC pediu à Goodyear que fornecesse cobertura de vídeo ao vivo do Rose Parade e do Rose Bowl, a empresa envia imagens ao vivo de jogos e eventos para produtores de televisão em troca de menções ao nome e ao logotipo da empresa durante as transmissões. Esses “blimp pops” ocorrem aproximadamente uma vez por hora e podem valer milhões de dólares em tempo de propaganda.

Em uma era de inserções digitais, telas dentro de telas e outras formas de os patrocinadores alcançarem os espectadores, a tecnologia da Goodyear é estranha. Os dirigíveis, que são um pouco mais longos que um Boeing 747, pairam a cerca de 1.000 pés (aprox. 305 m) do chão e raramente se movem a mais de 80 quilômetros por hora. Mas sua capacidade de capturar um horizonte, um estádio ou o voo de uma bola de golfe em um fairway os tornou uma parte indispensável das transmissões.

Os quatro dirigíveis da Goodyear, que viajam para cerca de 120 eventos por ano, estão mais visíveis do que o normal, pois a empresa comemora o centenário da estreia do dirigível em 3 de junho de 1925. A empresa planeja levar seus dirigíveis cheios de hélio para mais de 100 cidades este ano e participar de concertos, festivais de balões de ar quente e outros eventos culturais.

A Goodyear gasta um tempo considerável para determinar onde enviar seus dirigíveis para obter o máximo de exposição. Os torneios de golfe e as corridas da Nascar são programados com muita antecedência, mas os maiores jogos de futebol americano profissional e universitário podem não ser conhecidos até uma ou duas semanas antes.

Os programadores devem considerar se há oportunidades promocionais adicionais em um evento ou local que possam fornecer conteúdo para os feeds de mídia social do dirigível − o dirigível tem seu próprio feed do Instagram, com 159 mil seguidores. Os dirigíveis são retirados de serviço para manutenção. A pequena tripulação − há menos pilotos de dirigíveis do que astronautas – deve ser mobilizada.

A logística desempenha um papel importante. A neve e as tempestades podem aterrar os dirigíveis, que estão instalados perto de Akron, Ohio; Pompano Beach, Flórida; e Carson, Califórnia. Um quarto dirigível está baseado em Essen, na Alemanha. Eles não voam mais do que cerca de 300 milhas (aprox. 483 km) por dia, o que limita a rapidez com que podem ser posicionados. As equipes de solo devem estar preparadas para receber os dirigíveis quando eles pousam para passar a noite. Alguém deve estar com o dirigível o tempo todo, caso os ventos aumentem, o que significa turnos noturnos para a equipe.

A tecnologia básica do dirigível não mudou muito ao longo dos anos. Dois balões, ou ballonets, dentro do dirigível são inflados com ar e cercados por cerca de 300mil pés (aprox. 91 km) cúbicos de hélio.

O ar entra e sai dos balões para manter a pressão e a forma adequadas. Pequenas hélices movidas a gás giram para criar sustentação e impulso.

A Goodyear não é a única empresa a adotar o marketing móvel. A Oscar Mayer tem uma frota de Wienermobiles, e a Planters tem seus Nutmobiles. Mas, em termos de escala e visibilidade, nada supera os dirigíveis. Em 2014, a Goodyear começou a substituir seus modelos com revestimento de borracha por zepelins, que são mais longos e têm estruturas internas e gôndolas com banheiro e espaço para 10 passageiros e dois pilotos.

Com um preço estimado em US$ 20 milhões, os dirigíveis têm 37.152 LEDs individuais no exterior que podem transmitir mensagens do alto e são mais silenciosos do que a maioria dos carros. As emissoras estão usando mais drones, mas eles podem não voar tão alto ou por tanto tempo quanto os dirigíveis, o que praticamente garante que os dirigíveis continuarão a ser viáveis.

https://www.estadao.com.br/economia/dirigivel-goodyear-substituido-drones

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