Alguns desenvolvedores de aplicativos estão afirmando que estão sendo cada vez mais pressionados pelo Google, da Alphabet, para incorporar um código em seus próprios produtos que aprofundarão o acesso do Google aos dados dos consumidores, dando à empresa uma vantagem sobre as rivais.
Os receios antes não relatados sobre o Firebase, conjunto de softwares disponibilizado pelo Google para aplicativos, tornaram-se parte de investigações amplas iniciadas em 2019 por procuradores de Estados e pelo Departamento de Justiça dos EUA sobre se o Google limitou ilegalmente a concorrência em anúncios online e em outras áreas, disse duas pessoas com conhecimento das investigações este mês.
O escritório do procurador-geral do Texas, que lidera a investigação, e o Departamento de Justiça não responderam aos pedidos de comentários.
O Google se recusou a comentar além de descrever as ferramentas do Firebase como opcionais, utilizáveis em conjunto com serviços rivais e potenciais impulsionadores de receita para aplicativos. As ferramentas poupam desenvolvedores de codificar componentes básicos ou ter que instalar alternativas que podem ser mais complexas.
As ferramentas do Firebase dão ao Google, maior vendedor de anúncios da internet, informações sobre o que os consumidores estão fazendo em aplicativos que podem ser usadas para direcionar anúncios aos usuários, de acordo com desenvolvedores de ferramentas alternativas ao Firebase.
“Trata-se de coleta de dados e veiculação de anúncios”, disse Bob Lawson, fundador e diretor da empresa de software mobile Kumulos. “Quanto mais o Google conhece os usuários, mais útil ele pode ser” para os anunciantes.
Parte do apelo do Firebase é que ele é fornecido junto com o Android Studio do Google, usado para programar aplicativos para o Android. Mas o Google nos últimos dois anos dificultou que os aplicativos operassem funções comuns sem as ferramentas do Firebase, disseram as fontes.
Recentemente, o Google disse a desenvolvedores que o Firebase melhorará significativamente os resultados de suas campanhas de publicidade.
Empresas como a Backendless sobreviveram porque os aplicativos historicamente abandonaram as ferramentas do Firebase, uma vez que podiam pagar por serviços especializados.
Por exemplo, as alternativas do Firebase veem sua participação de mercado subir ligeiramente entre aplicativos de saúde e finanças, que exigem recursos exclusivos devido às regulamentações governamentais, segundo dados da Appfigures.
Os concorrentes dizem que a pressão do Google pelo uso do Firebase ilustra como as grandes empresas de tecnologia usam aquisições de valor baixo para silenciosamente ampliar seu domínio, uma prática que a Comissão Federal de Comércio dos EUA começou a estudar no mês passado.
O Google, que adquiriu o Firebase em 2014 e expandiu seu kit de ferramentas por meio de outras pequenos aquisições, incluindo a dos serviços Fabric e Crashlytics do Twitter em 2017.
https://br.reuters.com/article/internetNews/idBRKBN2162ZN-OBRIN