Banco Central Europeu debate nova estratégia

A ata da última reunião do Banco Central Europeu (BCE) trouxe o debate em torno da nova estratégia de política anunciada pela autoridade monetária na reunião de 7 de julho, mas nenhuma discussão sobre a decisão em si de manter as taxas de juros em zero (refinanciamento), 0,25% (empréstimos) e -0,50% (depósitos), tampouco sobre o rumo de seu programa de compras de ativos ou de refinanciamento de longo prazo aos bancos (TLTROs). 

A nova estratégia do Banco Central Europeu vem depois de 18 anos de criação da instituição e a principal mudança é a alteração da meta de inflação de “perto, mas abaixo” de 2% para uma meta de 2% no médio prazo. Em outras palavras, a autoridade monetária poderá ultrapassar temporariamente sua meta de inflação se necessário em casos de choques, sem precisar reagir ao dado corrente para não afetar negativamente e desnecessariamente a atividade econômica. 

Para o Conselho do BCE, a meta de inflação anterior foi amplamente considerada muito complicada e ocasionalmente deu origem a interpretações errôneas sobre as aspirações do banco central. Assim, a nova estratégia da instituição confirma a orientação de médio prazo da sua política monetária. 

O BCE reafirmou que as taxas de juros “refi”, de depósito e de cedência de liquidez continuariam a ser os instrumentos primários de condução da política monetária na zona do euro. Mas, em um ambiente de taxas de juros muito baixas, o Conselho continuaria a empregar outros instrumentos quando necessário. 

Nesse sentido, a orientação futura (o “forward guidance”), as compras de ativos e o TLTRO ajudaram a mitigar as limitações geradas pelo juro baixo e permaneceriam como parte integrante do kit de ferramentas do BCE. Também o índice de inflação ao consumidor harmonizado (IHPC) continuará a ser a medida de preços adequada para avaliar a estabilidade de preços, segundo o BCE. 

A nova orientação de médio prazo permite ao BCE olhar para o futuro e responder com flexibilidade às flutuações do produto e da inflação, diz o documento. 

O banco central disse que historicamente era conhecido pelos seus “dois pilares”, que identificavam riscos para a estabilidade de preços, que eram observados a partir de duas perspectivas distintas: a análise econômica e a análise monetária. Estas duas fontes de riscos para a estabilidade de preços foram comparadas entre si para formar uma avaliação global, que leva em conta agora também a transmissão da política e riscos para a estabilidade de preços vindos de desequilíbrios financeiros. 

O BCE disse também que, embora de responsabilidade dos governos, as alterações climáticas estavam impactando o seu mandato principal através de vários canais e que este tema continuará a ser debatido dentro de seu conselho decisório. 

https://valor.globo.com/financas/noticia/2021/07/30/ata-do-bce-mostra-debate-em-torno-de-nova-estrategia.ghtml

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