Parlamento britânico tira de Theresa May controle sobre o Brexit

O Parlamento britânico aprovou nesta segunda-feira, 25, uma emenda que dá aos deputados controle sobre o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, em mais uma derrota da primeira-ministra Theresa May. A emenda permite organizar, nesta quarta-feira, 27, uma série de votações sobre a forma que o Brexit deve ter: manutenção do mercado único, realização de um novo referendo e anulação da saída da UE, entre outras.
Na prática, a medida passa o controle do Brexit para o Parlamento britânico, alterando o acordo para a saída do Reino Unido da UE. Bruxelas já disse que não aceitará uma nova mudança no acordo firmado na semana passada. A proposta multipartidária, apresentada pelo conservador Oliver Letwin, foi aprovada por 329 votos a 302. Entre os que apoiaram a emenda estão três ministros de May, que pediram demissão nesta segunda-feira, 25.
O governo era contra a emenda, que classifica como “um mau precedente”, pois pode pôr em xeque “o equilíbrio das instituições democráticas”. O líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, apoiou a medida e disse que o trabalho do governo é uma “vergonha nacional”. “Depois de dois anos de falhas e promessas não cumpridas, felicito o Parlamento por tomar as rédeas deste processo”, disse Corbyn. “Onde este governo falhou, este Parlamento terá sucesso.”
Segundo fontes citadas pela Reuters e pelo Guardian, May pretendia colocar o cargo à disposição caso os deputados aprovassem o acordo. A iniciativa de May seria uma tentativa de forçar os rebeldes de seu partido a rejeitar a medida e apoiar o plano do governo para o Brexit.
Analistas afirmam que a aprovação da emenda diminui ainda mais as chances de May conseguir aprovar seu plano para o Brexit e aumenta o risco de haver uma eleição geral para a escolha de um novo primeiro-ministro. Horas antes da votação, May falou no Parlamento e lamentou que os deputados não estivessem dispostos a apoiar o acordo que ela costurou na semana passada com os 27 países da União Europeia. 
“Não há apoio suficiente nesta Câmara para submeter o acordo a uma terceira votação”, declarou a líder conservadora. Seu plano já foi rejeitado duas vezes, em 15 de janeiro e no dia 12 de março.
Ainda na segunda-feira, 25, os deputados rejeitaram, por 314 votos a 311, a emenda da parlamentar trabalhista Margaret Beckett, que tornaria obrigatório um voto no Parlamento para aprovar qualquer adiamento do Brexit, caso o Reino Unido estivesse a uma semana de abandonar a União Europeia sem nenhum acordo.

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