O Suicídio

Por Mario Rene

Números “oficiais” apontam que um brasileiro falece a cada hora por cometer suicídio.

O suicídio é um dos grandes temas-tabu que a enfrentamos há centenas (milhares???) de anos.

Por motivos éticos, metafísicos e religiosos, todos eles interrelacionados.

Pois uma das questões centrais, senão a central, é; aquém pertence a nossa vida? Isto é, a vida é minha, faço dela o que eu quiser, ou será ela uma dádiva divina, digamos assim, “emprestada” pelo Criador?

Valendo a primeira alternativa, o suicídio é “apenas” uma decisão pessoal – seja ela bem ou mal fundamentada.

Já se for algo próximo à segunda, teremos todas as religiões se insurgindo contra o fato, e prometendo tristes castigos pós-morte.

Mesmo os espíritas – bem mais uma doutrina, do que uma religião – condenam frontalmente os suicidas. Eles vão, após a morte, para um lugar meio que tenebroso chamado “Umbral”, aonde poderão dispender um tempo beeem longo.

O judaísmo, cristianismo e islamismo também condenam a prática suicida, pois a consideram no mínimo uma afronta a Deus.

Mesmo as religiões orientais – não teístas – também condenam o suicídio.

Parece que a falta de valores mais profundos (e isso dá uma looonga discussão) deixam um tal de “vazio existencial” que a sociedade de consumo não dá conta de preencher. E por mais que as Redes Sociais contribuam para aproximar pessoas, parece que elas não o fazem de uma maneira mais profunda, que substitua ou complemente as amizades de verdade das décadas anteriores (para mais embasamento, leiam Durkheim).

Ademais, seja você também bem-vindo para o “mal do século”: a Depressão.  A Depressão é matéria de capa da Revista Época desta semana, é representa uma das mais sérias portas de entrada (ou melhor, de saída…)  para o suicídio. Consoante dados da matéria, supõe-se existir aproximadamente 350 milhões de sofredores desse mal no mundo. Junte-se a isso o transtorno bi-polar, e fatores psico-sociais como o aumento vertiginoso da violência e a pressão da sociedade para o sucesso e a felicidade e teremos um “caldo de cultura” prontinho.

Eu pessoalmente encarei alguns casos de suicídio nos últimos anos. Seja de pessoas que foram amigas próximas, seja de pessoas com as quais houvera convivido como vizinho.

Sei que é um dos grandes temas-tabu, conforme já escrevi. Mas aparentemente, ele deve sair da sombra com extrema urgência, para que isso não chegue sequer de longe a se aproximar de uma epidemia.

Creio que boa parte dos suicídios poderia ter sido evitada se tais indivíduos ao menos tivessem sido mais ouvidos, seja com suas desgraças verdadeiras, seja com seus fantasmas.

Pois o suicídio é, em última análise, um último grito de socorro.

Comentários estão desabilitados para essa publicação