Metaverso não vai escapar de regulação

O metaverso estará sujeito a uma regulamentação rigorosa do Reino Unido, o que tornará as gigantes de tecnologia por trás dos mundos virtuais abertas a potenciais multas de bilhões de libras. A afirmação é de especialistas cujo trabalho dá suporte à futura Lei de Segurança On-line.

O alerta, que é apoiado pelo governo britânico, surge poucos dias depois que a Meta, a empresa anteriormente conhecida como Facebook, sinalizou possíveis riscos regulatórios para os investidores de sua estratégia para o metaverso, em registros encaminhados às autoridades do mercado de valores mobiliários. A Meta já gastou US$ 10 bilhões na construção de sua divisão de realidade aumentada, na tentativa de criar um mundo virtual cheio de avatars.

“As empresas de tecnologia não podem usar o metaverso para fugir da regulamentação”, afirmam Lorna Woods e William Perrin, os acadêmicos responsáveis pela criação do modelo que dá suporte à Lei de Segurança On-line. “A sensação é de que a Meta mudou o debate para um novo tipo de serviço que evita a regulamentação. Mas esse não é o caso, em nossa maneira de ver. O regime de Segurança On-line se aplica.” 

Ministros do Reino Unido como Chris Philp e Nadine Dorries também alertaram anteriormente que a nova lei se aplicará ao metaverso, seja qual for a forma que ela vai assumir. A Meta disse que a segurança e a privacidade serão incorporadas em seus projetos de metaverso e que já empenhou US$ 50 milhões em pesquisas nessa área.

Satya Nadella, CEO da Microsoft também apresentou a compra da empresa de videogames Activision por sua companhia, por US$ 75 bilhões, como fundamental para o futuro da interação on-line, na medida em que as pessoas passarem mais tempo no metaverso. 

A Meta informou em seu relatório anual de desempenho financeiro, na quinta-feira, que seus esforços no metaverso poderão estar sujeitos às novas leis dos Estados Unidos e mundiais, “incluindo áreas de privacidade e comércio eletrônico, o que poderá atrasar ou impedir o desenvolvimento de nossos produtos e serviços, aumentar nossos custos operacionais, exigir tempo e atenção de gerenciamento significativos, ou prejudicar nossos negócios”. 

Os mundos virtuais, onde os avatares realistas em 3D dos usuários podem se expressar em uma gama mais ampla de fala e gestos humanos, apresentam um desafio de moderação de conteúdo ainda maior do que as postagens escritas e imagens que circulam pelo Facebook, WhatsApp e Instagram. 

O diretor de realidade virtual da Meta, Andrew Bosworth, admitiu que a realidade virtual muitas vezes pode ser um “ambiente tóxico”, especialmente para as mulheres e minorias. Ele disse em um memorando interno de março, ao qual o “Financial Times” teve acesso, que moderar o comportamento dos usuários “em qualquer escala significativa é praticamente impossível”. 

“A grande ressalva é que não sabemos o que é o metaverso, de modo que ele é baseado em nosso melhor palpite de como ele pode ser… Mas precisamos pensar sobre quais soluções são diferentes no metaverso, especialmente em tempo real, comparado às plataformas estáticas baseadas em textos ou imagens”, disse Woods, que é professor de Direito da Internet na Universidade de Essex. 

Complicando ainda mais o caminho para o metaverso estão as esperanças da Meta de incorporar pagamentos digitais baseados na blockchain, que segundo a empresa alertou aos investidores, envolverão um alto grau de incerteza jurídica e risco técnico. 

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/02/09/metaverso-nao-vai-escapar-de-regulacao-dizem-especialistas.ghtml

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