Há poucos dias no governo, o novo ministro do Interior italiano, o populista Matteo Salvini, já coloca em prática o que prometeu quando assumiu o cargo: fechar o cerco contra a imigração. Na cúpula deste sábado, 23, da União Europeia, que discutirá a crise migratória, o ministro deve oficializar a intenção de deportar 100 mil imigrantes.
Quando o novo governo assumiu, a promessa era expulsar os 500 mil imigrantes do país, em uma média de 100 mil por ano. “Nas próximas semanas, aumentaremos as expulsões”, afirmou Salvini em um evento para partidários da Liga, seu partido.
A política radical da Itália sobre imigração ganhou destaque nos últimos dias após o país rejeitar a entrada em seus portos de um navio com 629 imigrantes resgatados na costa da Líbia. Fontes ligadas aos projetos de asilo e deportações da Itália estimam que até 150 mil imigrantes estejam esperando a deportação. Segundo estatísticas da UE, 7.045 imigrantes foram expulsos da Itália no último ano.
Amanhã, o governo italiano apresentará uma proposta para travar a imigração, que a imprensa resumiu em uma espécie de “cortina de ferro”, que conta com o apoio dos países do Leste Europeu. A Bélgica e a Holanda, igualmente favoráveis a uma posição mais rígida, decidiram participar da reunião.
Segundo a Alemanha, a chance de um acordo após a reunião dos países da UE é pequena. O governo alemão afirmou que uma “solução” europeia para o problema não será alcançada em debates preliminares. “Em vez disso, acordos bilaterais e multilaterais serão discutidos.”
A Itália vai propor a criação de centros para os migrantes nos países de origem e trânsito, para avaliar os que merecem o direito a refúgio, assim como maiores relações com terceiros países para conter o tráfico de seres humanos e o reforço das fronteiras.
A mudança de posição da Itália foi criticada, na quinta-feira, pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que enviou uma mensagem velada a Salvini. “O populismo na Europa é como uma lepra que se espalha pelo Velho Continente, em países que nunca pensamos que voltariam a ocorrer outra vez, em países vizinhos”, disse Macron. As observações elevaram as tensões entre Macron e Salvini, que instou o presidente francês a receber os milhares de imigrantes que a Itália acolheu nos últimos anos. “Pare de insultar e passe a aplicar a generosidade que você tanto proclama”, disse o italiano.
O governo italiano tornou o confronto com seus sócios europeus uma política. “No próximo ano se decidirá se a Europa unificada continuará ou não existindo”, em razão das negociações orçamentárias e das eleições europeias, disse Salvini.