O déficit comercial dos EUA cresceu em março, à medida que o choque econômico relacionado à pandemia do coronavírus reduziu as importações e as exportações.
Outro dado divulgado ontem mostrou que as duras medidas adotadas para retardar a disseminação da covid-19, a doença respiratória causada pelo coronavírus, levaram o enorme setor de serviços do país a uma contração em abril – a primeira em
O Departamento do Comércio informou ontem que o déficit comercial cresceu 11,6% em março, para US$ 44,4 bilhões (ajustado sazonalmente), de US$ 39,8 bilhões de fevereiro. As importações caíram 6,2%, para US$ 232,2 bilhões, o menor valor desde outubro de 2016. As exportações caíram 9,6%, para US$ 187,7 bilhões, o menor valor desde novembro de 2016.
O déficit comercial de bens dos EUA com a China caiu US$ 4,2 bilhões em março, para US$ 11,8 bilhões, o menor valor dos últimos 16 anos. As compras americanas da China caíram, enquanto as exportações para o país cresceram.
É provável que os números de março sejam o início de uma queda sustentada no comércio global, avalia Brad Setser, do Conselho de Relações Exteriores. Ele disse que os próximos meses devem mostrar um declínio contínuo nas importações e exportações dos EUA. “Abril terá uma queda bem maior e não é provável que haja uma recuperação significativa em maio.”
Vários fatores enfraqueceram o comércio mundial nos últimos meses. Primeiro, o surgimento do novo coronavírus na China levou ao fechamento de fábricas no país, o que desorganizou as cadeias de fornecimento globais. Em seguida, o vírus se espalhou pelo mundo, o que levou muitos governos a adotarem medidas de confinamento, paralisando a atividade econômica, com perdas de empregos e redução no consumo. É provável que essas medidas tenham produzido uma recessão global e, assim, uma redução ainda maior da demanda.
Os dados de março dão uma visão inicial do efeito disso no setor de viagens e no comércio. As viagens para os EUA – contadas como uma exportação nos dados do comércio – caíram 45,3% em março, em relação a fevereiro. A exportação de serviços caiu 15,3% no mês, para US$ 59,6 bilhões, menor valor desde dezembro de 2013.
O colapso dos preços do petróleo também contribuiu para a queda no volume do comércio em março. As importações de derivados de petróleo caíram 21,9%, e as exportações, 13,2%.
Outro indicador divulgada ontem, do Instituto para Gestão de Oferta (ISM) mostrou que seu índice de atividade do setor de serviços nos EUA caiu para 41,8 em abril (ante 52,5 em março), a primeira contração desde dezembro de 2009. Também foi o menor nível desde março de 2009.
Qualquer resultado abaixo de 50 indica contração no setor de serviços, responsável por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA.
https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/05/06/forte-queda-do-comercio-exterior-nos-eua.ghtml
