EUA preparam distribuição de dinheiro para população

O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, propôs enviar US$ 250 bilhões em cheques no fim de abril e uma segunda série de cheques, no total de US$ 500 bilhões, quatro semanas depois, se ainda houver uma emergência nacional 

O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, discute um plano que pode chegar a US$ 1,2 trilhão em gastos – entre eles pagamentos diretos de US$ 1.000 ou mais a americanos dentro de duas semanas – para amenizar parte do impacto econômico da expansão da epidemia do coronavírus. 

O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, propôs enviar US$ 250 bilhões em cheques no fim de abril e uma segunda série de cheques, no total de US$ 500 bilhões, quatro semanas depois, se ainda houver uma emergência nacional, de acordo com uma fonte familiarizada com o assunto. 

 “Os americanos precisam de dinheiro agora, e o presidente quer dar dinheiro agora. E quero dizer agora, nas próximas duas semanas”, disse Mnuchin ontem na Casa Branca ao lado de Trump. 

“É um número grande”, disse Mnuchin a repórteres mais tarde, no Congresso. “Esta é uma situação muito grande nesta economia, colocamos uma proposta na mesa que injetará US$ 1 trilhão na economia.” 

O governo estudava lançar um pacote de ajuda no total de US$ 850 bilhões, mas discussões posteriores incluíram gastos de até US$ 1,2 trilhão, segundo fontes familiarizadas com o assunto. 

Os pagamentos em dinheiro fazem parte de um plano de estímulo que Mnuchin negocia com o Congresso. O governo ainda não decidiu quanto enviará aos americanos, mas quer que os cheques sejam superiores a US$ 1.000, segundo duas fontes familiarizadas com o assunto. 

A proposta de Mnuchin prevê US$ 300 bilhões em empréstimos para pequenas empresas, US$ 200 bilhões em fundos de estabilização, US$ 250 bilhões em pagamentos em dinheiro e a possibilidade de uma segunda rodada de cheques, disseram fontes familiarizadas com o assunto. Com a inclusão do adiamento no pagamento de impostos, o custo do plano ficaria em torno de US$ 1,2 trilhão. 

Mnuchin disse que o governo não tem a intenção de enviar cheques para milionários, mas ressaltou a necessidade de urgência. O envio dos cheques estará sujeito a algum tipo de verificação de renda, de acordo com uma fonte familiarizada com o assunto. 

A ideia de enviar cheques aos americanos foi aprovada por parlamentares de todo o espectro ideológico. Mas entregar dinheiro aos americanos tão rapidamente quanto Trump deseja pode não ser possível. Quando o Congresso distribuiu cheques para combater a crise financeira em 2009 houve uma demora de mais de dois meses da sanção do projeto até o envio dos cheques pelo correio. 

É mais rápido e mais simples para o Congresso enviar o mesmo valor para cada pessoa, mas ainda assim levará meses para acontecer, disse Marc Gerson, ex- consultor tributário da Comissão de Finanças Públicas da Câmara. Se os parlamentares decidirem dar mais dinheiro aos trabalhadores de baixa renda, o processo se tornará ainda mais complicado. “Existem limitações práticas em emitir cheques.” 

Jared Bernstein, economista do Centro de Orçamento e Prioridades Políticas, disse que se os cheques de fato saírem em duas semanas, o impulso para a economia será visível em três semanas. “Isso mostra o quanto as pessoas já estão sob pressão. Esses cheques irão diretamente para o pagamento de dívidas, como de hipotecas ou cartões de crédito, ou para colocar comida na mesa.” 

Em outra medida para aliviar o estresse financeiro dos americanos, Mnuchin disse que os contribuintes individuais podem ganhar uma extensão do prazo para pagar impostos de até US$ 1 milhão e as empresas poderão adiar pagamentos de impostos de até US$ 10 milhões. Segundo o secretário, esses adiamentos podem somar US$ 300 bilhões, valor superior aos US$ 200 bilhões que ele havia proposto na semana passada. 

O adiamento de 90 dias dá aos contribuintes mais tempo para pagar suas dívidas fiscais vencidas sem juros ou multas. Ainda assim, a Casa Branca incentivou os contribuintes que não devem dinheiro de imposto de renda a entregarem suas declarações até 15 de abril. 

O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, disse que o Partido Republicano no Senado trabalhará com o governo para elaborar um projeto de estímulo e depois começará a negociar com os democratas, cujos votos serão necessários para aprovar o pacote. 

 “Não vamos sair da cidade até que tenhamos construído e aprovado outra lei”, disse McConnell. 

O Senado votará o pacote que foi aprovado pela Câmara e não tentará combiná-lo com nenhum plano de estímulo.

A forte queda dos preços das ações e a redução abrupta dos gastos dos consumidores durante um período de distanciamento social cristalizaram a necessidade de o Congresso agir de maneira rápida e ousada. O Federal Reserve (o banco central dos EUA) já utilizou grande parte de suas ferramentas para escorar a economia, o que deixa aos formuladores de políticas a opção de usar estímulos fiscais para amenizar a extensão dos prejuízos. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/03/18/eua-preparam-distribuicao-de-dinheiro-para-populacao.ghtml

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