China reduz expectativa com rodada comercial nos EUA

Chineses vêm clima negativo para as negociações após os EUA barrarem 28 empresas de tecnologia chinesas nesta semana. Os dois países estão ainda negando vistos a autoridades.
Surpresa e irritada com a inclusão de empresas chinesas numa lista negra pelos EUA, a China reduziu sua expectativa de progresso significativo nas discussões comerciais desta semana nos EUA, mesmo com o presidente americano, Donald Trump, demonstrando otimismo. A afirmação foi feita por autoridades chinesas à Reuters.
Teoricamente, Pequim quer encerrar a guerra comercial, mas autoridades do Partido Comunista não estão otimistas quanto ao tamanho e alcance de um eventual acordo com os EUA no curto prazo, disseram as autoridades chinesas.
As principais autoridades comerciais e econômicas dos EUA e da China reúnem-se em Washington hoje e amanhã para tentar encerrar uma guerra comercial que já dura 15 meses, que está desacelerando a economia mundial e ameaça derrubar sistemas comerciais estabelecidos há décadas. O vice-premiê chinês, Liu He, o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer e o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, devem participar das discussões.
Se não houver progresso significativo, Trump deverá elevar na terça-feira, de 25% para 30%, a tarifa sobre produtos chineses avaliados em US$ 250 bilhões. Falando a jornalistas em Washington, Trump disse: “Se pudermos fazer um acordo, vamos fazer um acordo. Há uma chance realmente boa. Na minha opinião, a China quer fazer um acordo mais do que eu”.
Na situação atual, há uma possibilidade de as discussões desta semana entre as duas maiores economias do mundo chegarem a um impasse, disse uma autoridade chinesa informada sobre os preparativos para as negociações e que falou sob a condição de permanecer anônima. Perguntado sobre a probabilidade se um acordo, a autoridade disse: “Essa não é uma tarefa fácil. Ela exige muita preparação e consenso dos dois lados”.
Para as relações comerciais ou os laços gerais entre os dois países melhorarem, será preciso mais tempo, disseram os chineses
Negociações prévias em nível inferior entre americanas e chinesas visaram criar um clima bom para a reunião de hoje e amanhã, mas a colocação de 28 empresas chinesas numa lista negra pelos EUA gerou um clima negativo.
O Departamento do Comércio dos EUA colocou na lista, na segunda-feira, a empresa de vigilância por vídeo Hikvision e 27 outras de tecnologia e inteligência artificial, dias antes das negociações. Isso as proíbe de fazer negócios com empresas americanas, devido a acusações de violação aos direitos humanos de grupos minoritários muçulmanos em Xinjiang. Autoridades chinesas disseram que a medida fere a soberania chinesa.
As negociações comerciais acontecem ainda após a negação sistemática de vistos de permanência para autoridades dos dois países e uma controvérsia gerada por uma postagem no Twitter de um executivo da equipe de basquete do Houston Rockets apoiando as manifestações contra o governo chinês em Hong Kong.
“Podemos acrescentar a guerra diplomática às guerras financeira, cambial e tecnológica que já temos”, disse John Browning, diretor-gerente da corretora Bands Financial, de Xangai, em uma nota.
Um grande contingente de autoridades graduadas chinesas está a caminho de Washington, mas “pela minha percepção cansada, ele se parece menos com uma delegação e mais com um cortejo fúnebre”, escreveu Browning.
Os EUA exigem que o Partido Comunista Chinês mude basicamente a maneira como dirige a enorme economia chinesa, encaminhando-a mais para um modelo ocidental do capitalismo de livre mercado. Mas um diplomata chinês nos EUA disse que isso é algo irracional e equivocado.
“O que conquistamos nas últimas décadas mostra que nosso sistema é bom para o desenvolvimento da China”, disse a autoridade, sob a condição de anonimato.
A China não pediria aos EUA que mudassem para uma economia dependente de empresas estatais ou que financiassem totalmente a educação, como a China faz, disse. “Então, por que Washington espera isso de Pequim?”
Os EUA deverão fazer novas exigências à China, visando a proteção da propriedade intelectual dos EUA, mas os dois lados têm pontos de vista muito diferentes sobre esse assunto também.

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2019/10/10/china-reduz-expectativa-com-rodada-comercial-nos-eua.ghtml

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