Britânicos estremecem

E se não houver um acordo entre Grã-Bretanha e Europa? Os sólidos nervos dos britânicos, que já resistiram a Napoleão e a Hitler, começam a crepitar. Em princípio, daqui a sete meses, em 29 de março, à meia-noite, o Brexit (divórcio entre Grã-Bretanha e União Europeia) entrará em vigor. 
Enquanto isso, as negociações continuarão em ritmo acelerado, pois é necessário que, antes dessa data, seja firmado um acordo entre Bruxelas e Londres sobre os termos do divórcio. É um trabalho para Hércules fazer o divórcio de uma nação de um continente. Até o momento, não há garantia de que um acordo de separação será fechado antes do prazo. E então, o quê? O caos?
Londres se esforça para tranquilizar os britânicos, eurocéticos ou não. Um relatório enorme foi apresentado na quinta-feira para detalhar o que aconteceria em caso de uma saída da UE sem acordo. Primeiro, algumas linhas para colocar um pouco de bálsamo nos corações dos britânicos. 
Por exemplo, o relatório desmente que alguém possa sofrer, depois de 29 de março, uma “fome de sanduíches”, como os jornais populares insinuam. E não é verdade que o Exército estará de prontidão para proteger estoques de alimentos.
Bom. Nós respiramos. Imediatamente, outra ansiedade: a Grã-Bretanha, uma vez livre da Europa, não terá falta de esperma? Atualmente, os britânicos importam 3 mil doações de sêmen a cada ano, que chegam às costas britânicas sob a proteção de uma diretriz europeia. Mas, após 29 de março, sem as diretrizes europeias, haverá escassez de esperma?
Assim, aprendemos que quase todo esse esperma exógeno vem da Dinamarca, um país onde os homens voluntários, felizmente, são belos, mas não são britânicos, nem seus espermatozoides. Maldição! Não é um desvio estranho da política “anti-imigrantes” que está na moda em toda a Europa, especialmente na Itália? Não podemos temer que os espíritos perversos dos terroristas aperfeiçoem, graças a essa horda de esperma estrangeiro, uma nova maneira de invadir um país? 
Ainda bem que as remessas de esperma vêm de um país “bom em todos os aspectos”, a Dinamarca. Estremecemos ao pensar no uso que Hitler poderia fazer do comércio de esperma se já tivesse sido inventado em 1938.
Em qualquer caso, os homens britânicos foram prevenidos: se um acordo não for assinado entre Londres e Bruxelas, será necessário que eles “redobrem os esforços”, se forem obrigados a substituir o sêmen dos vikings.
Enquanto isso, Londres apressa o passo para manter a data de 29 de março. Sete mil funcionários estão trabalhando no Brexit e já existem planos em andamento para recrutar outros 9 mil, se necessário. Outros alertas: o setor financeiro. Atualmente, um “passaporte” permite que os fundos de investimento e os bancos europeus trabalhem no Reino Unido sem se registrarem junto às autoridades britânicas. 
Londres está fazendo uma promessa: essa tolerância será estendida por três anos. Mas, não é certo que as autoridades europeias mostrem a mesma flexibilidade, caso financistas britânicos sejam obrigados, depois de 29 de março, a abrir filiais dentro da UE, para contornar a dificuldade.
Outra ameaça em caso de falta de acordo: Londres perderia seu acesso ao sistema de pagamento europeu. Consequência: o custo das transações bancárias entre Europa e Reino Unido por cartão de crédito aumentaria. Solução: alinhar-se novamente ao sistema europeu.

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