Inteligência artificial reduz discriminação nos processos seletivos

O uso de inteligência artificial e algoritmos para fazer a triagem de milhares de currículos reduz a discriminação em processos seletivos de programas de trainee.
A avaliação é de Sergio Fajerman, diretor executivo de RH do Itaú Unibanco, que usa essas ferramentas.
É um recrutamento em que a formação ou a faculdade do profissional importa menos, basta se destacar no processo, diz Vanessa Lobato, vice-presidente de RH do Santander.
“Para nós, é interessante porque deixa o grupo de trainees mais diverso”, afirma.
Dez anos atrás, quando uma empresa recebia 40 mil currículos para um processo seletivo, era preciso destacar uma equipe para fazer uma triagem usando palavras-chave, conta Fajerman.
Hoje, a companhia alimenta seu sistema com o perfil de candidatos de anos anteriores que deram certo e usa esses dados para selecionar quem será aprovado nas próximas fases, afirma Felipe Azevedo, vice-presidente da consultoria Lugar de Gente, que desenvolve sistemas do tipo. “Como agora avaliamos melhor o perfil do candidato, se você não estudou em escolas tradicionais nem fez intercâmbio, mas teve uma boa nota em raciocínio lógico e uma vida interessante, tem chances”, diz Fajerman.
Incluir no currículo experiências com esporte e trabalho voluntário, por exemplo, ajudam o departamento de RH a identificar se a pessoa tem o perfil que a empresa busca.
O relações públicas Cauê Souza, 26, pesquisou na internet como redigir seu currículo e hierarquizar bem as informações antes de prestar a seleção da Ambev, em 2016.
“Tentei ser direto, incluindo experiências com a empresa-júnior da faculdade e meus resultados.”
As etapas seguintes de seleção envolvem testes, dinâmicas e até games que medem conhecimentos de idiomas, competências comportamentais e raciocínio lógico, às vezes ao mesmo tempo.
Em um jogo ou estudo de caso, dá para avaliar se a pessoa prioriza sua equipe ou um resultado a qualquer custo, se tem boa capacidade de adaptação e se domina direito a língua, explica Azevedo.
No seu processo seletivo, a trainee Mônica Bando, 24, do Itaú, fez uma proposta de negócio que envolvia lidar com o orçamento de uma prefeitura.
“Tentei mostrar flexibilidade e bom planejamento, porque já tinha atuado no setor público na faculdade”, diz.
O uso dessas ferramentas nas seleções de estágio e jovem aprendiz na Natura ajudou a elevar a taxa de efetivação desses novatos para cerca de 50%, afirma Fabiana Nakazone, gerente de recrutamento e seleção.
Segundo Renato Biava, diretor de RH da Ambev, a tecnologia é útil, mas não substitui a etapa presencial no final do processo. “A entrevista tem que ser olho no olho para termos mais segurança de que a pessoa tem mesmo a ver com a empresa”, diz.

https://www1.folha.uol.com.br/sobretudo/carreiras/2018/08/1979839-inteligencia-artificial-reduz-discriminacao-nos-processos-seletivos.shtml

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