O comércio internacional de mercadorias das maiores economias do mundo, que formam o G-20, atingiu um recorde em termos de dólares no primeiro trimestre de 2021, impulsionado pela alta dos preços das commodities.
Levantamento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Economico (OCDE) mostra continuidade na recuperação, com as exportações e importações aumentando 8,0% e 8,1%, respectivamente, em valor entre janeiro e março deste ano comparado ao trimestre anterior. Somente o Reino Unido não teve crescimento no comércio global de mercadorias.
A depreciação do dólar e a alta nos preços das commodities desempenharam um papel na recuperação do comércio global de bens diz a OCDE. Os preços das commodities agrícolas, incluindo cereais e óleos vegetais, aumentaram mais de 10% no primeiro trimestre. Os preços dos metais também subiram.
Entre os maiores beneficiários dessa dinâmica estão a Argentina com aumento das exportações acima de 33,3% em valor, a Austrália alta de 17,5%, o Brasil de 14,7%, e a África do Sul de 17,3% – entre os maiores exportadores desses produtos dentro do G- 20.
Também o aumento de quase 35% nos preços do petróleo no primeiro trimestre fez os valores das exportações do Canadá subirem 10,8%, da Rússia 13,1% e da Indonésia 12,4%. Como os produtos energéticos são um grande item de importação para a maioria das economias do G-20, os aumentos de preços também resultaram em valores de importação mais altos no mesmo período.
A OCDE constata também que o boom relacionado à pandemia nas compras de eletrônicos levou a um aumento na demanda por semicondutores e circuitos integrados. Adicionado a outros fatores, isto causou um descompasso entre oferta e demanda, resultando em escassez e alta de preços.
Os EUA e a China, em ritmo de forte crescimento econômico, foram destaque no comércio global. No caso dos EUA, o maior comércio de semicondutores contribuiu parcialmente para o crescimento total do comércio de mercadorias do país, com alta de 5,7% das exportações e de 5,3% das importações. De outro lado, a escassez de chips afetou sobretudo as cadeias de fornecimento de automóveis.
A China, maior comerciante de mercadorias do mundo (soma de exportações e importações), manteve seu forte desempenho. Suas exportações cresceram 18,9%, principalmente produtos eletrônicos, incluindo circuitos integrados, veículos e têxteis (incluindo máscaras faciais). E as importações aumentaram 19%, com mais compras sobretudo de metais e minérios metálicos, cereais e circuitos integrados.
Entre janeiro e março a China acumulou US$ 205,6 bilhões de superávit comercial, e os EUA, um déficit de US$ 261,9 bilhões.
Na União Europeia, as exportações e importações cresceram 3,8% e 5%, respectivamente.
Uma desaceleração nos embarques de veículos e peças pesou nas exportações da França (crescimento de 2,7%) e do México (0,4%), ambos com desempenho bem abaixo da média do G-20.