Juntas, Facebook, Amazon, Microsoft, Google e Apple desembolsaram US$ 12,4 bilhões em aquisições em 2020, segundo levantamento da CB Insights. Boa parte das compras tem a ver com adaptação de seus sistemas e operações às novas exigências dos usuários e a antecipação de tendências sobre o que deve fazer parte do comportamento do consumidor pós-pandemia. Algumas dessas aquisições valem um olhar mais profundo, pois indicam tendências.
A pandemia acelerou o olhar do Google para a área de saúde e entre seus investimentos está a empresa Wysa, de IA aplicada à saúde mental e a Tempus, empresa de dados e informações oncológicas. A Tempus diz ter uma das maiores bibliotecas de dados clínicos e moleculares do mundo, e utiliza sequenciamento genético, machine learning e IA para ajudar médicos do mundo a personalizarem tratamentos para seus pacientes.
Em outra frente está a Amazon, compradora mais ativa no primeiro trimestre de 2021 e que desde o ano passado tem testado sua presença em áreas que não atuava até então. Um dos exemplos está na aquisição da Zoox, desenvolvedora de veículos autônomos arrematada por US$ 1,3 bilhão. Possíveis especulações apontam para transporte autônomos ou até entrega de comida.
Na esteira da produtividade trazida pela popularização do home office, vimos a Microsoft se movimentando para ampliar o escopo de suas soluções em computação em nuvem, e também na área de games. A aquisição da ZeniMax Media por US$ 7,5 bilhões ajuda a Microsoft a dar um belo avanço em sua estratégia de games e no serviço por assinatura do Xbox.
Facebook e Apple foram os menos ativos, mas ainda assim tiveram movimentos importantes. Entre eles estão tecnologias de atendimento inteligente e chatbots, tecnologias de geolocalização para melhorar a tropicalização do Facebook Marketplace, e sistemas de reconhecimento de voz para dar mais corpo à Siri.
Praticamente todas fizeram aquisições recentes na Índia e, passados os tempos mais turbulentos da pandemia por lá, certamente veremos uma movimentação maior em direção à oferta de novos tipos de produtos e serviços no país.
Acredito que as aquisições das cinco principais gigantes de tech têm a nos mostrar mais do que seus números. Independente das cifras, o que é interessante é observar como elas interpretam tendências, como se comportam diante dos movimentos de seus usuários e como os acompanham – ou até antecipam seus desejos.
Isso tem a ver com a mentalidade de colocar as necessidades dos consumidores no centro de suas prioridades. Essas são lições que toda e qualquer empresa pode absorver: observar os movimentos de seus clientes e entender como podem atender ou se antecipar a essas necessidades. Sua empresa está preparada? Camila Farani – O Estado de S. Paulo