Xi Jinping confirma terceiro mandato na China

O presidente da China, Xi Jinping, terá um terceiro mandato como secretário-geral do Partido Comunista Chinês e deve ocupar o cargo pelos próximos cinco anos. O anúncio foi feito neste domingo, 23, pelo próprio presidente, no encerramento do 20° Congresso do Partido Comunista.

No seu primeiro discurso oficial após a renovação, Xi expôs suas ambições para a China e frisou que deseja estabelecer o “rejuvenescimento da nação chinesa”. “Na estrada à frente, não importa ventos fortes, águas agitadas ou até tempestades perigosas, as pessoas sempre serão nosso apoio mais sólido e nossa maior confiança”, disse.

Em um conjunto de movimentos colocados em prática durante a reunião partidária que durou uma semana, Xi aposentou dois altos funcionários do governo com perfis mais moderados e manteve assessores alinhados às suas duras políticas diplomática e de segurança nacional. Além disso, o líder chinês não deu nenhuma pista de que pretenda deixar o cargo mesmo ao final de mais um mandato.

“A China entrou em uma nova era. A era do ‘Xi máximo’”, disse Neil Thomas, analista de política chinesa do Eurasia Group. O resultado da reunião do PCC, disse Thomas, “significa mais apoio às políticas de Xi, o que se traduz em um foco mais forte no controle político, estatismo econômico e diplomacia assertiva”.

Desde que assumiu a liderança do partido no final de 2012, Xi transformou a China, expurgando potenciais rivais, esmagando a dissidência e reafirmando o papel central do PCC na sociedade. A pandemia de covid-19 junto à desaceleração econômica, que analistas apontavam como entraves ao novo mandato de Xi, foram deixadas de lado durante o congresso, com o presidente saindo aclamado e pedindo aos membros que continuassem em sintonia com ele “no pensamento, na política e na ação”.

No encontro, Xi reforçou seu status aprovando emendas à carta do partido – suas regras fundamentais – para aumentar sua autoridade. O texto da resolução final da reunião apontou que a liderança de Xi era essencial para “erradicar graves riscos que estavam presentes dentro do partido, estado e militares”, aparentemente referindo-se à corrupção e deslealdade.

Em breves comentários ao final, Xi disse que a resolução aprovada pelo PCC no congresso “estabelece requisitos claros para defender e fortalecer a liderança geral do partido”. “O Partido Comunista da China está mais uma vez embarcando em uma nova jornada na qual enfrentará novos testes.”

Figuras do alto escalão devem se aposentar

Várias figuras de alto escalão do PCC deixaram seus cargos, o que deve garantir a Xi mais aliados no Comitê Permanente do Politburo, o mais alto órgão decisório do partido. O maior controle de Xi sobre a legenda sugere que a China manterá sua postura dura em relação a Washington e expandirá a intervenção na economia, na tecnologia e na internet. “Não há um único sinal de qualquer revisão fundamental da política”, disse Richard McGregor, especialista em política chinesa do Lowy Institute em Sydney.

O novo mandato de Xi e sua equipe não devem ser oficialmente confirmados neste domingo, 23, quando o novo Comitê Central vai se reunir e realizar uma votação secreta. No entanto, a escala da vitória de Xi ficou clara pela composição do Comitê Central, disseram especialistas.

Geralmente, o congresso do PCC é um evento coreografado, mas a saída do inesperada do Grande Salão do Povo do ex-líder Hu Jintao causou um certo rebuliço. Hu, de 79 anos, estava sentado ao lado de Xi na primeira fila do palco quando foi ajudado a se levantar por um assessor e escoltado para fora do local, sem explicação. Ao ser levado, Hu falou brevemente com Xi e deu um tapinha no ombro de Li Keqiang, o primeiro-ministro.

Li e dois outros altos funcionários que ascenderam sob o comando de Hu deixaram o Comitê Central, indicando que todos os três devem se aposentar. Li foi primeiro-ministro, o segundo posto mais importante do país, durante a última década, mas a severa liderança de Xi passou a ofuscá-lo.

Cheng Li, especialista em política chinesa da Brookings Institution, disse que “Xi Jinping consolidou ainda mais o poder quase absoluto ao promover seus protegidos à liderança máxima”. “Ao expulsar moderados e potenciais rivais da liderança, Xi transmite suas prioridades gerais para estabilidade sociopolítica, segurança nacional e continuidade política agora e nos próximos anos”, afirmou o especialista.

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