Por que as novas empresas morrem tão cedo no Brasil?

Em 2010 quase um milhão de novas empresas foram abertas. Seria uma bela conquista se esses novos negócios perdurassem. Praticamente a metade das empresas abertas não sobrevive aos três primeiros anos de vida. O dado é do IBGE, divulgado ontem: entre 2007 e 2010, 48,2% das novas companhias abertas já fecharam.
Só no ano de 2010, 736,4 mil novas empresas fecharam as portas. Porém, o saldo de criação de novos negócios é favorável, uma vez que nesse mesmo ano 999,1 mil empresas pediram registro nas Juntas Comerciais do País.
É importante saber que, sempre no ano de 2010, o Brasil contava com 4,5 milhões de empresas ativas com média de 9,7 anos de existência. Esse número era 6,1% maior que o de 2009. O IBGE mostrou que o País tem 33.320 empresas de alto crescimento. Isto quer dizer que são companhias que apresentam alta no pessoal ocupado igual ou maior que 20% em um período de três anos. Ou seja, nos últimos 36 meses contrataram gente sem parar.
As empresas de alto crescimento representam apenas 0,7% do total das pessoas jurídicas brasileiras. Esse tipo de companhia emprega muita gente: eram 1,7 milhão de empregados em 2007. Em 2010, o número de funcionários nas empresas de alto crescimento saltou para 5,05 milhões de pessoas.
O problema está nas empresas novatas que lideram o fechamento de atividades pouco depois de abertas. Por exemplo: nas empresas individuais, que não empregam nenhum funcionário, o IBGE mostrou que a taxa de mortalidade é de 54,7% em até três anos.
Por que tantas empresas fecham em tão pouco tempo? Os especialistas repetem sempre o mesmo conjunto de explicações. Primeiro, mais de 60% das empresas que morrem tão cedo não tinham um plano de negócios consistente, ou o que tinham era muito deficiente. O segundo motivo é a fragilidade financeira que se agrava, em média, após sexto mês de existência, quase sempre pela mesma razão: falta de capital de giro. Algumas pesquisas já mostraram também que mais da metade dos novos empresários desconhece a real composição de custos de seu produto final.
Por outro lado, apesar da alta taxa de mortalidade, as novas empresas abrem muitos postos de trabalho. Em 2010, as novas empresas abriram 1,03 milhão de vagas, 364,7 mil delas no setor de comércio. Os novos negócios neste mesmo ano no setor de indústria de transformação abriram 152 novos empregos e os novos empreendedores do segmento da construção civil abriram novas 150,3 mil novas oportunidades de ocupação.
No mundo todo, a pequena empresa é o grande empregador. Não é diferente no Brasil. O País ainda abre mais novas empresas do que fecha todos os anos. Esse dado é promissor e merece toda atenção. E apoio.

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