Os Estados Unidos enfrentam, neste ano, um clima muito ruim que afeta muito as áreas agrícolas. O maior problema é a seca extrema. Junho deste ano foi o terceiro mês mais seco já registrado em 118 anos de acompanhamento climático do Departamento de Agricultura americano. Os dados já coletados sobre julho não sugerem que a situação melhorou.
Os produtos mais afetados serão o milho e a soja. No alarmante mapa da seca, o maior problema é o milho, porque 88% da área de cultivo desse produto está exatamente nas regiões mais afetadas pela seca. O site especializado em monitoramento de clima da Universidade de Nebraska já avisou que 38% da colheita de milho e 30% da produção de soja estão em “péssima condição”,
O resultado direto dessa situação é um enorme aumento dos preços das commodities agrícolas o que quer dizer: subirá o preço de quase tudo que vai para a mesa no mundo todo. Especialmente o milho tem forte impacto porque é o produto básico da ração animal. Ou seja, o preço da todos os tipos de carne subirá em todo lugar.
A China, uma dos maiores consumidores da soja e milho dos Estados Unidos tem recursos para arcar com essa alta dos preços. Mas, os piores reflexos da seca norteamericana serão sentidos nos países mais pobres. Com sérios desdobramentos econômicos e políticos. Vários especialistas em custos da produção agrícola alertaram que a subida dos preços desde 2009 está na raiz de todas as maiores revoltas do mundo árabe, por exemplo.
Os agricultores americanos vivem quadro muito especial. A maior parte das plantações está em uma espécie de “seguro” oferecido pelo governo e eles não perdem com a seca. Ao contrário, ganham porque os preços sobem muito. Mas agricultores somam apenas 1,2 milhão nos EUA. Já os trabalhadores em bares e restaurantes, por exemplo, somam 22,6 milhões de empregos. Quando o preço da comida sobe, o preço da refeição fora de casa sobe mais ainda. E as pessoas deixam de ir ao restaurante.
Este é só o começo do problema, o maior desemprego dos prestadores de serviço. O drama da seca na agricultura do maior fornecedor de commodities agrícolas do mundo vai bem mais longe.