Enquanto os políticos em Washington continuam brigando para decidir se a desigualdade econômica se intensificou com a crise, no setor privado americano não há debate algum. Depois da recessão, a clientela das empresas voltadas para a classe média encolheu. Mas, nos negócios voltados para os ricos, a prosperidade é cada vez maior.
Há dois modos de entender esta mudança, descritos no artigo do The New York Times de Nelson D. Schwartz, traduzido no Estadão de 5/2, pg B8. O primeiro modo foi descrito por John G. Maxwell, diretor de varejo global e hábitos de consumo da PricewaterhouseCoopers: “os consumidores que possuem capital, como propriedades imobiliárias e ações, e pertencem aos 20% mais ricos da sociedade estão indo muito bem”. Os clientes de Maxwell têm duas opções: ou amplia a oferta de bens bem caros ou adota preços muito baixos. Ele resume: “se uma cadeia de lojas ou de restaurantes não se enquadrar no patamar mais alto ou no mais baixo, apenas terá problemas”.
O segundo modo de entender esta mudança é o das recentes pesquisas do economista Steven Fazzari, da Washington University e Barry Cynamon do Federal Reserve Bank, mostrando que em 2012, os 5% mais ricos dos americanos eram responsáveis por 38%do consumo em comparação com 26% em 1995. Um grupo de pesquisa em Nova York, New Economic Thinking, revelou que 90% do aumento geral do consumo entre 2009 e 2012 foi gerado pelos 20% dos americanos mais ricos.
Para os americanos comuns essa divisão tem outros resultados mais perceptíveis. A Sears e a J.C.Penney, varejistas com produtos destinados ao americano médio estão em situação bem complicada. No mês passado, a Sears anunciou o fechamento de sua loja mais famosa, em Chicago. A J. C. Penney avisou que fechará 33 lojas este semestre.
Por outro lado, a Capital Grille, cadeia da Garden Restaurantes para clientes mais ricos, gasto médio por pessoa de US$ 71 , a receita subiu 5% ao ano nos últimos 3 anos. Na Red Lobster ou Olive Garden, com contas médias de US$ 16 por pessoa, a receita caiu todos os trimestres desde a chegada da crise econômica. E não melhorou, nem mesmo quando as ações na bolsa voltaram a subir sem parar.