Por que o governo da maior economia do planeta, o dos EUA, corre o risco de dar calote? Isto mesmo, não pagar nem funcionários, nem os fornecedores do governo. O motivo é até simples: o Congresso dos EUA negocia, mas não chega a um acordo para aprovar um plano de financiamento do governo temporário para o não fiscal de 2014. O presidente Barack Obama e o Senado, controlado pelos democratas, rejeitaram totalmente o plano apresentado pela Câmara dos Representantes, os deputados, controlada pelo Partido Republicano, de oposição.
O principal ponto em disputa é a recusa dos republicanos em aceitar o Affordable Care Act (ACA), uma legislação de reforma nacional da saúde, apelidada pejorativamente de Obamacare, que a Casa Branca jurou manter a qualquer custo, porque foi aprovada no ano passado nas duas Casas do Congresso e declarada constitucional pela Suprema Corte. Essa reforma assegura atendimento aos americanos muito pobres. Porém, os republicanos recusam aceitar impostos mais altos , especialmente nos planos de saúde dos mais ricos, para financiar essa ajuda. A oposição diz que o Estado americano já é muito grande e não é necessário mais aumento de impostos.
Se os parlamentares não chegarem a algum acordo, haverá paralisação progressiva das agências federais , em alguns casos a partir já de hoje, com centenas de milhares de funcionários obrigados a entrar em férias coletivas. O projeto do Senado aprovou financiamento até 15 de novembro com os recursos necessários para a reforma da saúde. A Câmara rejeitou esse acordo e aprovou outro, que também financia o governo, mas corta os recursos da reforma de saúde, atrasando-os por pelo menos mais um ano.
O último fechamento do governo americano ocorreu em 1996, no governo Bill Clinton, e durou 23 dias. Muitos analistas estimam que o confronto agora será maior e o fechamento do governo deve durar bem mais. Agora, como mostrou matéria do Estadão de hoje, nenhuma das 12 medidas de financiamento do governo foram aprovadas o que provocará a paralisação de todos os setores, com a única exceção dos salários e despesas de alguns setores das Forças Armadas.
