Nas urnas, gregos preferem não dar calote.

Os gregos escolheram, nas eleições de ontem, ficar na União Europeia. A decisão significa que a maioria votou nos partidos que preferem arcar com os sacrifícios para manter o euro no país. Não é decisão fácil: a Grécia enfrenta forte crise e econômica com o desemprego alcançando 22,6% em maio. Com os jovens gregos, o drama é ainda pior: 55% das pessoas entre 18 e 25 anos estão sem trabalho.

Manter o euro quer dizer continuar com todas as medidas de austeridade econômica imposta  pela União Europeia, principalmente pela Alemanha que é o país mais rico do bloco.  Motivo: o Tesouro alemão terá de pagar a conta da crise grega. E, quem paga, manda!

A austeridade começa pelo corte nos salários de todos. Mais de 200 mil funcionários públicos foram demitidos em um país com pouco mais de 10 milhões de habitantes. Os trabalhadores do setor privado foram obrigados a aceitarem cortes nos salários em torno de 20%. Além disso, o governo de Atenas aumentou os impostos em mais de 20%. A razão das imposições é clara: nos últimos anos os gregos tomaram empréstimos demais nos bancos europeus. Hoje, a dívida grega é de140% do PIB do país.  Como agora os gregos não conseguem pagar esses empréstimos, eles precisam ser ajudados. Aqui começa a briga: quanto custará essa ajuda?

Se os gregos saem do euro, isto significará dar um calote nessa dívida. Mas, isto pode significar ainda mais crise para o país. Acaba a dívida, mas ninguém mais investirá ou ajudará a Grécia por muitos anos.

Dois partidos gregos aceitaram as condições dos países ricos europeus para ajudar a Grécia: a Nova Democracia, que atingiu 29,66% dos votos nas eleições de domingo e os socialistas, o Pasok, que somou 12,28%. Juntos poderão formar a maioria no parlamento.

Outro partido, o Syriza, uma Coalizão de Esquerda, que ficou com 26.8% dos votos, quer preservar o euro, mas exige rediscutir as condições da União Europeia. Eles querem mais tempo para pagar a dívida e condições de austeridade menos duras.

A população grega escolheu continuar europeia. Mas, os partidos que ganharam a eleição já avisaram que querem negociar as medidas de austeridade para pagar a dívida. O governo alemão não gostou dessa parte do discurso dos vitoriosos.

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