“Fundo do poço?” A aposta é que agora a economia sobe

A economia brasileira não cresceu de abril a junho o que deveria. Ou, o que os empresários e trabalhadores queriam. O avanço do PIB ficou aquém das expectativas no segundo trimestre, crescendo apenas 0,4%. Em termos atualizados, tomando os 12 meses anteriores a junho como referência, o Produto Interno Bruto aumentou no Brasil 1,6%. É um crescimento baixo, principalmente, na comparação com a expansão dos outros países emergentes. Em especial com o BRICS: a África do Sul, o S da sigla, avançou 3,2%, a Rússia, 4%, a Índia, 5,5% e a China 7,6%, sempre no segundo trimestre deste ano.
Os números do IBGE mostraram que os recuos na indústria, nos investimentos e nas exportações foram os maiores responsáveis pelo desempenho pouco expressivo do PIB. Por outro lado, o ritmo do consumo das famílias e dos serviços ajudaram bastante o PIB , mas não forma suficientes, sozinhos, para provocar um resultados mais expressivo.
Esse quadro dá o que pensar. Alguns analistas apontaram algumas contradições no desenvolvimento da economia brasileira que merecem atenção. Primeiro, é preciso observar que o crescimento não é o desejado por todos, mas melhorou em relação aos trimestres anteriores: no terceiro trimestre de 2011 a economia brasileira encolheu, com crescimento negativo de -0,2%.No último trimestre do ano passado já cresceu 0,1%, bem pouco; a mesma porcentagem bem modesta repetiu-se no primeiro trimestre de 2012: 0,1%. No segundo trimestre melhorou para 0,4% de expansão. Muitos analistas insistiram: “começou a melhorar”.
O PIB não acelerou porque a indústria não alcançou bom desempenho. Na comparação com o primeiro trimestre a indústria recuou 2,4%. A mídia notou que esse é o pior resultado e que a produção industrial voltou ao nível de 2009, no auge da crise mundial. O que interessa são os motivos desse recuo: falta de investimento e forte concorrência com os produtos importados. Falta de investimento quer dizer: o empresário teme não vender e , portanto, não compra máquina nova, nem aumenta a produção.
Essa é a contradição maior na economia brasileira: o consumo, na verdade não caiu. Os técnicos do IBGE fizeram questão de destacar que o consumo cresce no Brasil faz 35 trimestres consecutivos. E não para de avançar. Por que, então, o empresário não investe? A resposta não tem um só aspecto e a questão dos produtos importados que chegam cada vez mais é só o começo da conversa. Mais importação pode significar menor produção industrial.
O PIB não avançou mais também porque as exportações recuaram. As vendas externas foram 3,9% menores no segundo trimestre em relação ao primeiro. Motivo: o peso da crise externa. Novamente é o pior resultado nas exportações brasileiras desde o auge da crise em março de 2009.
Vários analistas avisaram que a economia “bateu no fundo do poço” e que agora voltará a crescer mais forte. Sem esquecer que o emprego no Brasil não caiu. Vale o debate…

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