Falta gente jovem no mercado de trabalho brasileiro.

Parece absurdo, mas é fato: as mudanças na demografia podem ser a principal explicação para o baixo desemprego no Brasil. O dado é bem simples: a população entre 18 e 24 anos encolheu muito rápido no País; por exemplo, em 2005, nessa faixa etária estavam 23,9 milhões de pessoas. Em 2010, essa fatia da população caiu para 21,9 milhões.
Quando se recua no tempo a comparação piora. Em 1970, 42% dos brasileiros tinham menos de 15 anos. Em 2010, essa faixa representava só 24,1%. Os demógrafos repetem sem parar que a estrutura etária brasileira mudou. Completamente. Com fortes reflexos no mercado de trabalho. Esses dados estão no Valor Econômico de hoje.
O primeiro desses reflexos é que mudou completamente o jeito como o Brasil se integra na economia internacional. O tempo de farta mão de obra, bem barata e, portanto, atraente para investimentos de indústrias de ocupação intensiva está minguando e, talvez, já tenha acabado. Mudança no perfil etário quer dizer: o País terá que ter outro tipo de atrativo para desenvolvimento industrial, por exemplo, mais produtividade, mais inovação e menos super oferta de abundante mão de obra menos capacitada, mas muito numerosa. E por essa razão uma mão de obra bem baratinha…
Os economistas notaram que o baixo desemprego está relacionado a um fato: “a população de jovens está menor, e eles ainda ficam mais tempo estudando”. Bingo! Muito bom para o Brasil! Como é esta faixa que está no começo da carreira profissional não há suficiente taxa de reposição de novos trabalhadores em todos os setores. Resultado: o desemprego cai e os salários sobem.
Os economistas interessados no assunto mostraram como a População em Idade Ativa (PIA) cresce bem pouco enquanto a PEA, a População Economicamente Ativa, cresce mais. Em outras palavras, falta gente para trabalhar.
Porém, os mesmo analistas avisam: o País precisará investir no aumento da produtividade. Em todos os setores. Por duas razões: sem gente para trabalhar o preço dos salários sobe e isso quer dizer pressão inflacionária. Segundo: sem produtividade maior apenas aumentará o fluxo imigratório em direção ao Brasil. Esse fato será inevitável, como ocorre em tantos países.
Falta uma constatação: a geração dos nossos jovens chega ao mercado de trabalho em momento especialmente favorável. Desde que preparados, convém nunca esquecer que produtividade vem de melhor educação e mais capacitação para o trabalho.

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