O governo Joe Biden vai responsabilizar a China por não cumprir as metas de compra prometidas no acordo comercial herdado do governo Donald Trump, afirmou ontem a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo.
“Pretendemos responsabilizá-los”, disse Raimondo à Bloomberg TV. A representante comercial dos EUA (USTR), Katherine Tai, “está no meio dessas negociações agora”, disse ela, acrescentando que Pequim “não está seguindo as regras”, já que subsidia empresas, limitando a capacidade das empresas americanas de competir.
No entanto, ele disse que as medidas em estudo incluem até mesmo uma nova investigação comercial, o que poderia levar a novas tarifas no futuro. “O governo [Biden] está considerando uma série de opções e não estamos endossando nenhuma dessas opções neste momento, que obviamente poderiam incluir uma ação 301 e coisas do tipo”, afirmou, referindo-se à seção 301 da Lei de Comércio de 1974 – um estatuto que visa combater práticas desleais de parceiros comerciais – usada pelo governo Trump para impor tarifas sobre centenas de bilhões de dólares em bens chineses em 2018 e 2019.
Brilliant disse que a Câmara de Comércio dos EUA apoia as discussões do governo Biden com as autoridades chinesas que visam fazer o cumprimento da “Fase 1” do acordo. “Mas se essas negociações não tiverem sucesso no cumprimento dos termos do acordo, então eu acho que há instrumentos pelos quais o governo poderá considerar a adoção de novas medidas”, disse.
Ele, porém, ressaltou que quaisquer ações que o governo Biden venha a tomar deverão ser feitas em consulta com a comunidade empresarial e com os aliados dos EUA. “Qualquer medida contra a China adotada multilateralmente e que não seja trabalhada com a Europa e nossos amigos na Ásia, não será muito produtiva.”
O governo Biden também poderá trabalhar mais de perto com a Europa e outros aliados dos EUA para formar uma frente unida contra Pequim e exigir condições mais equitativas paras as empresas internacionais, disse Brilliant.
Dados comerciais dos EUA divulgados na terça-feira revelaram um enorme déficit nas prometidas compras de bens, serviços e energia pela China sob a “fase um” do acordo comercial forjado pelo ex-presidente Donald Trump e implementado dois anos atrás.
O país comprou 62,9% das compras adicionais de produtos americanos que havia prometido como parte da meta de US$ 200 bilhões acima dos níveis de 2017 em dois anos até o fim de 2021, no que foi atrapalhada pela pandemia de covid-19 e por gargalos nas cadeias de abastecimento.
Energia foi a área em que a China mais falhou em suas metas, comprando cerca de um terço das exportações prometidas, segundo análise da Bloomberg. Em produtos agrícolas, os chineses cumpriram de 83% da meta acordada. Em bens industriais, onde a China se comprometeu com o maior aumento líquido, o país comprou menos de 65% do valor prometido.