Os EUA alertaram ontem a Rússia a retirar tropas da fronteira com a Ucrânia, advertindo que uma invasão levaria a sanções mais duras contra Moscou do que as já impostas até agora.
“Se a Rússia tomar o caminho do confronto com a Ucrânia, responderemos de maneira firme, inclusive com uma série de medidas econômicas que evitamos seguir no passado”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em Riga, capital da Letônia.
Antes das declarações, Blinken participou de reunião de chanceleres de países- membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan, a aliança militar ocidental) e da Ucrânia sobre como reagir ao que o governo ucraniano diz ser uma concentração de mais de 90 mil soldados na fronteira.
A Rússia tomou a Península da Crimeia da Ucrânia em 2014, mas nega cultivar intenções agressivas na atual crise e afirma estar reagindo a ameaças da Otan e de Kiev.
O Kremlin alega que a Ucrânia se prepara para tentar recapturar áreas controladas por separatistas pró-Rússia na região do Donbass, no leste do país – o que o governo ucraniano desmente. Moscou diz que a Rússia não pode desmobilizar as tropas na região em razão da grande concentração de forças ucranianas próximas à fronteira.
Blinken não especificou as sanções que a Rússia poderá enfrentar e disse que tanto Moscou quanto Kiev devem se voltar à diplomacia e a retomar o plano de paz de 2014 para o leste da Ucrânia.
Blinken deve deixar claro o custo das ações da Rússia em sua reunião marcada para hoje com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov. “O secretário também vai apontar que há uma saída diplomática e que consideramos que há uma solução para isso, que é a plena implementação dos acordos de Minsk”, disse uma fonte próxima de Washington.
O secretário-geral da Otan, Jens Soltenberg, disse que novas sanções econômicas à Rússia – que a União Europeia (UE) e os Estados Unidos, juntamente com o Reino Unido e o Canadá poderiam impor – são um instrumento poderoso para dissuadir Moscou.
A Rússia enfraqueceu o impacto das sanções econômicas impostas após a invasão da Crimeia ao reduzir a emissão de dívida nos mercados financeiros externos e ao manter grandes reservas monetárias e de ouro.
Mas o Ocidente tem agora mais alavancagem potencialmente se quiser voltar as baterias para o recém-construído duto Nord Stream 2 sob o mar Báltico, por meio do qual a Rússia poderá bombear gás natural para a Europa Ocidental assim que obtiver sinal verde do órgão regulador alemão.
A Ucrânia tem séculos de história compartilhada com a Rússia e Moscou se ressente intensamente de sua inclinação pró-Ocidente, instaurada desde que um presidente pró-Rússia foi destituído em uma revolução em 2014.
A atual aspiração de Ucrânia de ingressar tanto na União Europeia quanto na Otan tornou o país o pivô do desgaste das relações da Rússia com o Ocidente.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse ontem que Moscou quer garantias legais dos EUA e seus aliados que descartem o deslocamento da Otan para o Leste e instalações de sistemas de armamentos perto do território russo.