Em meio à tensão, diplomacia tenta avançar cúpula Biden-Xi

Altas autoridades americanas e chinesas terão uma reunião nesta semana na Suíça, em que negociarão a possibilidade de uma cúpula virtual entre os presidentes Joe Biden, dos Estados Unidos, e Xi Jinping, da China. 

O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, se encontra hoje com Yang Jiechi, principal autoridade de política externa da China, segundo fontes familiarizadas com a situação. Uma delas disse que os dois lados estão mais perto de organizar uma cúpula virtual entre os presidentes. 

No mês passado, Biden conversou com Xi por telefone pela segunda vez desde que assumiu o cargo. Ele sugeriu a realização de uma cúpula presencial, mas Xi não respondeu e instou os EUA a moderarem a retórica contra a China. 

Pequim tem dificultado as coisas para os americanos nos últimos meses. Uma visita planejada à China pela subsecretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, quase não aconteceu, pois num primeiro momento Pequim recusou-se a garantir-lhe um encontro com o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi. 

Fontes com conhecimento sobre o telefonema entre Biden e Xi disseram que uma cúpula virtual pode ser um meio-termo possível, especialmente porque Xi não saiu da China desde o início da pandemia. A reunião entre Sullivan e Yang foi noticiada primeiro pelo “South China Morning Post”. 

A Casa Branca informou mais tarde que Sullivan se encontraria com Yang em Zurique. “Eles darão sequência ao [tema tratado no] telefonema do presidente Biden com o presidente Xi enquanto continuamos a buscar administrar de forma responsável a competição entre os Estados Unidos e a República Popular da China”, acrescentou o comunicado. 

Trata-se de uma conversa presencial entre as mais altas autoridades dos dois países desde que Sullivan e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se encontraram com Yang e Wang no Alasca, em março. 

Aquela reunião resultou em uma discussão pública notável, pois Yang fez um discurso violento contra os EUA depois que Blinken disse publicamente que abordaria preocupações sobre Taiwan, a perseguição aos uigures em Xinjiang e a repressão à democracia em Hong Kong. Blinken não deve participar da reunião. 

“Entramos em um período curioso nas relações EUA-China. É uma redução cíclica dos riscos para os laços bilaterais em meio a uma deterioração estrutural de longo prazo”, disse Evan Medeiros, especialista em China da Universidade Georgetown que atuou como principal conselheiro do ex-presidente Barack Obama para a Ásia. 

As discussões ocorrem em um momento em que as tensões entre os EUA e a China continuam fortes a respeito de uma série de questões, entre elas a atividade cada vez mais agressiva dos militares chineses perto de Taiwan. Nos últimos dias, um número recorde de aviões de combate da China entraram na zona de identificação de defesa aérea de Taiwan, como parte de uma campanha para intimidar os líderes da ilha, que Pequim reivindica como seu território soberano. 

O governo Biden também se prepara para sua primeira reunião de negociações comerciais com a China. A representante comercial dos EUA (USTR), Katherine Tai, disse na segunda-feira que em breve manterá negociações diretas com Liu He, seu equivalente chinês. 

Mas os EUA já indicaram que não tentarão negociar outro acordo para lidar com questões estruturais espinhosas e, em vez disso, se concentrarão em persuadir a China a honrar os compromissos de compra acertados no acordo comercial fechado com o ex-presidente Donald Trump em 2020.

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2021/10/06/em-meio-a-tensao-diplomacia-tenta-avancar-cupula-biden-xi.ghtml

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