Depois da implantação das cotas nos vestibulares brasileiros, a diferença de notas entre estudantes cotistas e não-cotistas será pequena. As primeiras simulações estatísticas realizadas mostraram que, já neste ano, se a reserva de vagas já fosse de 50% para cotistas, a nota de corte desses estudantes teria, na média, uma queda de apenas 5%.
Estudo organizado por estatísticos de universidades federais indicou que após a implementação total do sistema de cotas, previsto para 2016, quando metade das vagas das universidades públicas obedecerá a critérios de origem no ensino público, não deverá ocorrer forte desnível entre cotistas e não cotistas e o desempenho dos que não estão incluídos nas cotas não deverá ser muito maior do que exigido hoje, antes da imposição das cotas.
O cálculo foi realizado, como mostrou matéria do Estadão de hoje, pg A 13, a partir da concorrência registrada nos último Sistema de Seleção Unificado (SISU) em cinco cursos, com diferentes graus de notas de corte. Como Medicina e Pedagogia na Universidade Federal do Ceará, Direito e Matemática na Universidade Federal do Rio de Janeiro, entre outras comparações semelhantes de diferentes regiões do País. Em outras palavras: a concorrência entre cotistas subirá. E muito rápido.
A análise estatística mostrou que mesmo em curso de alta procura, como Medicina, no início da implantação das cotas a distância da nota mínima entre cotista e concorrência ampla poderia ficar bem alta, mas essa diferença deve recuar rapidamente. O caso do curso de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o quarto com maior procura no sistema, a distância entre cotistas e não cotistas, depois de três anos de implantação do sistema, já recuou para apenas 13 pontos.
O professor de Estatística da Universidade Federal de Juiz de Fora, Tufi Soares, mostrou que até a distância de 50 pontos quando da conquista de vagas “ não chega a ter impacto no perfil do aluno”, ou seja, o desempenho dele ao longo do curso é o mesmo. O professor Reynaldo Fernandes, do curso de Economia da USP de Ribeirão Preto, ex-presidente do INEP ( o órgão do MEC responsável pela avaliação dos vestibulares) lembrou que a distância entre alunos não ocorre apenas pela cota: “já há uma distância entre o primeiro colocado e o último aprovado” em cada vestibular.