Cúpula das Américas é chance de EUA se aproximarem da América Latina

A oportunidade é realmente boa. A VII Cúpula das Américas será uma chance para o presidente Barack Obama consolidar a nova política dos EUA para a América Latina e tentar recuperar a influência americana na região. Com a presença de representantes dos 35 países do continente, o encontro na Cidade do Panamá amanhã e sábado servirá para Obama buscar mais proximidade com governos latino-americanos, num momento em que a China reforça sua presença na região com empréstimos bilionários, que superam US$ 119 bilhões desde 2005.

Além de adotar uma abordagem que pretende ser mais pragmática em relação à América Latina, baseada em parcerias, os EUA têm um trunfo importante no atual cenário: o crescimento mais forte de sua economia, o que eleva a importância do mercado americano para os países da região. Isso ocorre num momento de queda dos preços de commodities, um movimento influenciado em boa parte pela desaceleração da China, cujo apetite por produtos exportados pela América Latina não é mais tão intenso como no passado, como mostrou mate’ria do Valor de 9/04, pg A13.

Ao se reaproximar de Cuba, em dezembro, Obama deu um passo importante para diminuir a resistência de boa parte da região à atuação dos EUA nas Américas. No Panamá, ele deve interagir com o líder cubano Raúl Castro, num encontro que será histórico.

A América Central e o Caribe também passaram a ter mais atenção da Casa Branca, num quadro marcado pelo grande fluxo de imigrantes ilegais de centro-americanos para os EUA e em que os países caribenhos vivem uma situação de incerteza, com a redução do programa Petrocaribe, de petróleo subsidiado da Venezuela. Washington deve destinar US$ 1 bilhão para a América Central e o Caribe no próximo ano fiscal.

No seu segundo mandato, Obama indicou que a América Latina seria uma das prioridades de seu governo. Os seguidos problemas no cenário internacional, porém, fizeram com que os Estados Unidos concentrassem a atenção nas graves crises no Oriente Médio. O encontro do Panamá pode levar a América Latina a ter um pouco mais de destaque na pauta americana.

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