Demora exatos 15 segundos. Em uma vitrine totalmente transparente, uma máquina dispara um feixe de luz branca com minúsculas ondas de rádio sobre as roupas do, ou da, cliente que fica em pé. O resultado são 200 mil pontos de dados que registram o tamanho e formato do corpo do cliente. O shopping de New Jersey é só mais um dos que oferecem essa alternativa para o consumo de roupas. O banco de dados da empresa canadense Unique Solutions, dono da tecnologia, já tem medidas digitalizadas de 800 mil pessoas só nos Estados Unidos. A máquina que opera o registro é da empresa Me-ality.
O cliente só precisa passar uma vez pela vitrine, na verdade uma espécie de scanner. O medo da invasão de privacidade aos pouco vai sendo vencido pelo consumidor. O equipamento nada mais faz do que casar as medidas pessoais com as medidas das confecções dos parceiros varejistas do porte da Gap, JcPenney ou American Eagle. E, em segundos, a máquina recomenda as peças que mais se adaptam ao corpo daquele cliente.
A matéria do Financial Times, assinada por Barney Jopson, conta que que as máquinas da Unique custam US$ 100 mil por unidade. Mas, devem perder preço rapidamente. Só em New Jersey já são 70 lojas que adotam o processo. A concorrência já começou. Outras dezenas de lojas adotam o digitalizador com luz branca da Acustom, com sede em Nova York. A Upcload, de Berlim, a Styku de Los Angeles, a Prime Sense de Londres, adotaram outra tecnologia para o mesmo fim, da Microsoft, que usa um sensor de movimento Kinect, os mesmo que são vendidos no console de videogame da Xbox. Já a Bodymetrics, pretende substituir a tecnologia do feixe branco, por tecnologia de infravermelho, capaz de criar uma espécie de “avatar” que experimenta as roupas para os clientes no “corpo digital” deles.
O duelo tecnológico, por enquanto, é assunto dos engenheiros. Um técnico da Upload notou que um consumidor digitalizado, muito magro, que sempre usou roupas extravagantes para disfarçar, fez com que ele percebesse a verdadeira função do scanner de roupas: “nossa função não é só dizer que tamanho você deve comprar, mas mostrar como a roupa vai ficar em você”.
A produção de roupa vai mudar. Os técnicos eletrônicos já descobriram que as confecções produzem para “formatos pouco realistas”. No mundo do consumo de moda as mudanças via scanner só estão no começo. Para todos, fabricantes e consumidores.
O Valor Econômico traduziu o texto do Financial Times na edição de 18 de setembro, na pag. B4.