China desacelera um pouco. Isso afeta o Brasil?

A China “tirou o pé“ do acelerador. Não muito, mas tirou. A economia chinesa cresceu 7,7% em 2013, a menor taxa em 14 anos. O recuo tanto na produção industrial como no consumo explicam o ritmo mais baixo. E o problema maior foi a trajetória indicada: em outubro, novembro e dezembro a economia chinesa cresceu 7,7% em relação ao mesmo período de 2012. Mas, em julho, agosto e setembro tinha crescido 7,8% na mesma comparação.

A conjuntura econômica chinesa é de aperto de crédito. Há um forte endividamento tanto das empresas estatais como dos governos provinciais (devido a construção de grandes projetos) que precisa ser contido. Por outro lado, as novas lideranças chinesas prometeram um redirecionamento da estratégia econômica, de uma economia com forte sentido exportador para um maior fortalecimento da demanda interna. Essa mudança afetará completamente o rumo dos investimentos. Em outras palavras: ao contrário de investir em grandes projetos estatais, siderúrgicas por exemplo, o novo alvo é o investimento em média e alta tecnologia de empresas menores. E, com maior oferta de bens de consumo para  a população chinesa.

Porém, a desaceleração da economia chinesa, como mostrou matéria de O Globo de 21/01, pg 16, ainda que moderada, pode levar a uma redução nos preços das commodities, desde minério de ferro, soja e petróleo, por exemplo, de grande consumo dos chineses. Neste quadro, o recuo no PIB chinês pode provocar redução nas exportações brasileiras destes produtos.

Em 2013, as exportações brasileiras para a China cresceram 11% em relação ao ano anterior,  alcançando US$ 46,2 bilhões. Os produtos mais vendidos pelos exportadores foram: soja em grão, cobre, minério de ferro, celulose e açúcar. Já as importações cresceram menos, 8,9%, na mesma comparação, atingindo US$ 37,8 bilhões. E o saldo comercial portanto foi US$ 8,7 bilhões em favor do Brasil.

A expectativa da Associação de Comércio exterior do Brasil (AEB) é de que este superávit seja um pouco menor este ano, pelos preços menores das commodities. A AEB insistiu que não se deve esperar queda no volume exportado e sim recuo de receita , exatamente pela queda dos preços destas commodities.

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