Briga feia entre jornais e Google. No Brasil e no mundo.

A decisão dos jornais brasileiros de abandonar o serviço Google Notícias virou referência. O motivo da decisão é simples: não recebem remuneração em troca do conteúdo veiculado pela empresa norteamericana. O Google rebate dizendo que não vê motivo para pagar porque seu serviço beneficia os jornais uma vez que direciona os leitores para os websites dos próprios jornais.

A medida de sair do Google foi tomada pela Associação Nacional de Jornais, ANJ, que recomendou, desde 2011, que seus 154 associados, saíssem do Google News. A associação reconhece que a decisão representou “ligeira queda de tráfego” inferior a 5%, mas considera a queda “preço muito pequeno”. A ANJ tentou negociar com a empresa sem resultado uma remuneração aos veículos.

A tentativa de reduzir para apenas uma linha o resumo da notícia, para forçar os leitores a procurarem o site original, não funcionou. Os leitores, argumenta a ANJ, “se mostravam satisfeitos e não iam ao jornal para buscar mais informação. A associação insiste que o Google gera tráfego, “mas não nos interessa o leitor geral que dá apenas uma “olhada”, mas sim o leitor fiel que sabe buscar a informação e acredita em cada marca”.

O problema está bem longe de ser só nacional. Na semana passada editores dos grandes jornais europeus reuniram-se em Roma para tomar a mesma decisão dos jornais brasileiros. Eles argumentam que o Google teve faturamento de US$ 38 bilhões em 2011, emprega 50 mil pessoas na Califórnia, e devem pagar uma espécie de direito autoral quando colcam um link remetendo conteúdo de outras fontes a seus sites de informação.

O Google já contra-atacou e avisou aos jornais europeus que se continuarem a exigir retribuição, ele apenas deixará de remeter aos sites as mídias francesas, italianas e alemãs. A situação evoluiu nos últimos dias. O governo alemão tomou a posição dos jornais e apresentou projeto ao Parlamento que atende a reclamação dos jornais e obriga o Google a pagar pelo conteúdo. A votação deve ocorrer em fevereiro de 2013.

Não é a primeira vez que essa briga acontece. Em 2006, editores belgas recorreram à Justiça contra o Google e perderam. Em 2009, a associação de jornais italianos também perdeu na Justiça. Agora é diferente: os jornais procuraram o apoio de governos mais conservadores apresentando-se na condição de “vítimas”.

Escondido nesta briga está um fato: editores franceses reconhecem que perderam um bilhão de euros em faturamento de publicidade entre 2010 e 2011 direcionados para portais e mecanismos de busca, não só do Google. Por outro lado, os jornais europeus reconhecem que o faturamento da chamada imprensa on line não decolou, como previsto, nos últimos dois anos.

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