O crescimento econômico acelerou no terceiro trimestre nos EUA graças ao consumo. O PIB americano cresceu 2% entre julho e setembro, bem mais que os 1,3% de avanço registrado no segundo trimestre. O motivo da arrancada foi bem claro: os consumidores não prestaram atenção à hipótese de corte de gastos no governo e aumento nos impostos e foram às compras, ainda antes do Natal.
Os gastos dos consumidores, que representam 70% do PIB americano, avançaram à taxa de 2% no terceiro trimestre, depois de crescer 1,5% no trimestre anterior. Os gastos exerceram pressão sobre os preços. O índice de preços para gastos pessoais avançou 1,8% na mesma comparação, depois de ter aumentado apenas 0,7% no segundo trimestre.
Alguns economistas apontaram que o ritmo mais forte de expansão econômica ainda não foi suficiente para reduzir o desemprego. Apesar desse fato, a Casa Branca comemorou estes números do Departamento do Comércio. Com cerca de 23 milhões de desempregados (8,1% da força de trabalho) há certo receio de que o ritmo de gastos pode não se manter, especialmente se a tendência de alta na gasolina se confirmar, além do medo das famílias de enfrentarem maiores impostos no ano que vem.
O medo dos impostos está relacionado ao chamado “abismo fiscal” americano, uma espécie de alta automática nos impostos e cortes de gastos no governo, no caso dos dois maiores partidos não chegarem a um acordo sobre a autorização do Congresso para que o executivo aumente o déficit fiscal. Isto quer dizer: os deputados e senadores autorizam a casa Branca a gastar mais do que arrecada. Esta diferença nos EUA é muito regulada pelo Congresso, pro meio de uma série de controles. Caso o Congresso não autorize o aumento do déficit, o governo não tem alternativa a não ser cobrar mais impostos e gastar menos.
Esse movimento, de aumentar imposto e gastar menos do governo, provocará imediata recessão em uma economia que está apenas agora saindo de um período de “calmaria”. Talvez, os consumidores pressentindo o risco foram às compras antecipadamente. Não importa. O PIB cresceu e a Casa Branca gostou. E os empresários também gostaram.