Biden quer rever as cadeias de fornecimento dos EUA

O presidente dos EUA, Joe Biden, assinará uma ordem executiva para que o governo revise cadeias de fornecimento críticas, em uma tentativa de garantir que o país não seja dependente demais de outros países, entre eles a China, para tecnologia e insumos. 

Três fontes a par do decreto, uma delas uma alta autoridade americana, disseram que a medida exigirá que o governo faça um exame amplo das cadeias de fornecimento dos EUA. E exigirá que as agências federais examinem suas compras, além das tecnologias e dos insumos essenciais nas cadeias de fornecimento do setor privado. 

A medida é consequência da promessa de campanha de Biden de tratar das vulnerabilidades nas cadeias de fornecimento de suprimentos médicos dos EUA, que foram expostas pela pandemia, assim como de uma ampla gama de tecnologias e materiais usados na indústria e que são importantes para a base industrial americana, inclusive para fins militares. 

“O que planejamos é simplesmente implementar o compromisso que ele assumiu de fazer uma análise abrangente das vulnerabilidades da cadeia de fornecimento dos EUA”, disse a autoridade americana, que enfatizou que o decreto não tem como alvo específico a China ou outro país. 

Essa fonte disse que o governo usará as recomendações das várias agências “para desenvolver medidas proativas para eliminar vulnerabilidades das cadeias de fornecimento, não só para compras governamentais… mas para examinar a sério as cadeias, de ponta a ponta, incluindo o setor privado”. 

Acrescentou que o governo trabalhará com os aliados dos EUA para tentar reduzir algumas vulnerabilidades atuais nas cadeias de fornecimento americanas. “Há muitas oportunidades de trabalhar com aliados e parceiros na questão das cadeias de fornecimento. Mas é óbvio que também pensamos em maneiras de fortalecer nossa resiliência doméstica e aumentar capacidade”, afirmou. 

Um ex-funcionário familiarizado com o debate no governo disse que o decreto dará às agências o prazo de um ano para apresentar recomendações confidenciais e não confidenciais sobre medidas a serem implementadas. Mas explicou que o governo não vai esperar até o fim desse prazo e implementará as recomendações à medida que forem feitas e após serem avaliadas pelo Conselho de Segurança Nacional e pelo Conselho Econômico Nacional da Casa Branca. 

Embora não se espere que o decreto dê destaque à China – nem sequer cite o país – este será assinado em um momento em que as agências governamentais dos EUA prestam muito mais atenção às ameaças à segurança nacional e econômica originárias da China. 

O ex-funcionário disse que um esboço da ordem não mencionava a China, mas falava sobre “competição entre grandes potências”. 

Antes da posse de Biden, sua equipe de transição disse que ele trabalharia com o Congresso e diria às agências do governo para exigir que as empresas que produzem produtos essenciais identifiquem vulnerabilidades em suas cadeias de fornecimento. 

“Sempre que necessário para proteger a infraestrutura e os suprimentos essenciais, ele [Biden] irá impor restrições direcionadas às importações de países como China e Rússia, que representam ameaças à segurança nacional”, segundo sua equipe de transição. 

Alguns funcionários de Biden disseram que o ex-presidente Donald Trump estava correto ao adotar uma linha mais dura contra a China, mas sua abordagem caótica na formulação de políticas e sua atitude desdenhosa em relação aos aliados dos EUA foram contraproducentes. 

O funcionário americano afirmou que o governo Biden quer adotar uma “abordagem menos específica”, mas irá analisar alguns dos estudos já feitos pelas várias áreas do governo – como sobre terras raras, outros minerais essenciais e semicondutores – enquanto elabora suas políticas para tratar das brechas e vulnerabilidades da cadeia de fornecimento. 

O movimento para examinar as cadeias de fornecimento dos EUA visa corrigir vulnerabilidades, mas também faz parte de um esforço mais amplo para impulsionar a fabricação nacional. Em sua primeira semana no cargo, Biden emitiu um decreto que endureceu as cláusulas do “Buy America”, exigindo um aumento na exigência de conteúdo nacional para contratos de compras governamentais. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2021/02/03/biden-quer-rever-as-cadeias-de-fornecimento-dos-eua.ghtml

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