A marca Time Warner quer dizer, entre outras, HBO e CNN, por exemplo. Um alto executivo da Apple levantou a possibilidade de a fabricante do iPhone comprar a Time Warner, durante uma reunião com o diretor de estratégia do grupo de mídia.
Eddy Cue, que supervisiona a loja virtual iTunes e os serviços Apple Music e iCloud, abordou a ideia de lançar uma proposta de compra no fim do ano passado, durante uma reunião com Olaf Olafsson, diretor de estratégia corporativa da controladora da HBO, da CNN e da Warner Brothers, como mostrou material do Financial Times, assinada por Matthew Garrahan e James Fontanella-Khan, publicada no Valor de 27/05.
As discussões da compra da Time Warner pela Apple não foram além de um estágio preliminar e nunca incluíram Tim Cook, o diretor-presidente da Apple, nem Jeff Bewkes, o chefe da Time Warner.
Mas, o fato de a Apple ter considerado fazer uma proposta por uma das maiores companhias de mídia do mundo – a Time Warner tem um valor de mercado de quase US$ 60 bilhões – enfatiza o desejo crescente do grupo de tecnologia de oferecer seu próprio conteúdo.
Também mostra o interesse da Apple de considerar novas áreas de crescimento, uma vez que seu principal produto, o iPhone, está entrando em uma fase de crescimento mais lento, e o caixa da companhia acumula US$ 216 bilhões. A reunião na sede da Time Warner, em Manhattan, foi arranjada para discutir outras relações comerciais entre as duas companhias, como a possível inclusão dos canais de TV a cabo da Time Warner em um futuro serviço de streaming de vídeo da Apple. As duas companhias não quiseram comentar o assunto.
A Apple, que neste mês investiu US$ 1 bilhão na Didi Chuxing, principal concorrente do Uber na China, já começou a produzir conteúdo. Recentemente, autorizou uma série de vídeos sobre a economia dos aplicativos e uma série estrelada e produzida pelo astro do hip hop Dr Dre, para o serviço de streaming Apple Music.
Esses, no entanto, são passos pequenos em comparação aos de empresas como a Amazon e o Netflix, que estão investindo bilhões de dólares por ano em séries originais e filmes.
A Apple pretende aumentar seus investimentos em conteúdo original para “vários milhões de dólares por ano”, segundo uma pessoa a par do assunto. A empresa também não descarta a aquisição de uma companhia de mídia, segundo disse uma pessoa ao “Financial Times”.
A Time Warner seria uma combinação óbvia. A companhia e a Walt Disney são as únicas grandes empresas de mídia que não possuem duas classes de ações diferentes e membros de famílias controladoras como acionistas. Comcast, 21st Century Fox, CBS e Viacom são todas controladas pelos fundadores e suas famílias, o que torna potencialmente mais difícil fazer uma operação de tomada de controle.
A Time Warner também possui ativos muitos cobiçados: a HBO, que produz as séries “Game of Thrones”, “Silicon Valley” e “Veep”; a Warner Bros, maior produtora de filmes de Hollywood e programas de TV; e a Turner, que controla canais de TV a cabo e detém os direitos de transmissão dos jogos de basquete da NBA.
A companhia recebeu uma oferta não solicitada da 21st Century Fox, de Rupert Murdoch, há apenas dois anos. No dia em que foi anunciada, a proposta – em ações e dinheiro – deu a Time Warner um valor de US$ 86 por ação, mas a oferta foi rejeitada.
As ações da Time Warner subiram 1%, para US$ 73,73, na tarde de ontem em Nova York. Não está claro se a Apple vai retomar seu interesse pela Time Warner, mas banqueiros afirmam que ela vem considerando uma série de potenciais alvos no setor de mídia. “Há vários meses eles estão de olho em ativos de conteúdo”, diz uma pessoa que trabalhou na Apple.
Vários banqueiros acham mais provável a Apple buscar uma companhia de streaming como a Netflix, e não uma empresa pura de conteúdo, por que isso tornaria mais fácil para os serviços da Apple continuar a oferecer uma grande variedade de produtores de conteúdo.