Na Conferência do Clima em Doha só há discursos, não recursos…

Clima de desânimo. Falta de qualquer sentimento de urgência entre os negociadores. A mídia internacional registrou este quadro para a Conferência do Clima da ONU que ocorre em Doha. Apesar da relevância para o planeta dessas discussões, que inclui a renovação ou não do Protocolo de Kioto sobre a emissão de dióxido de carbono, poucos avanços foram registrados.
A questão central do entrave é bem conhecida: quem pagará a conta da continuidade e das novas regras do Protocolo de Kioto? O grupo de trabalho sobre cooperação de longo prazo chamado de LCA, como mostrou matéria do estadão publicada hoje na página H6, precisará de alguma manobra para sair do marasmo.
O compromisso assumido em Copenhagen em 2009, de que até 2020 a proteção do clima teria recurso da ordem de US$ 100 bilhões por ano, apenas, não saiu do papel. A esperança em Doha era da formulação de um roteiro de financiamento para essa proteção. Esse é o ponto em que todos os debates travam
O grupo dos países em desenvolvimento, o chamado G-77, somado coma China, propôs um “marco intermediário” com US$ 60 bilhões até 2015. Estados Unidos e União Europeia já avisaram que não podem se comprometer “no momento”.
Há também os países que fazem grandes discursos , mas que na prática não se comprometem com novas quantias. Reino Unido, França, Alemanha, Suécia e Dinamarca prometeram US$ 8 bilhões para os próximos dois anos. Esta é uma quantia bem pequena face à gravidade do problema. O pior é que os organizadores e pesquisadores da Conferência do Clima descobriram que essa promessa não significa “dinheiro novo”. Isto é, estes recursos já estavam compromissados por estes países desde Copenhagen. Estes países fizeram um discurso bonito sobre um dinheiro que já estava destinado e comprometido desde 2009.
Os organizadores da Conferência de Doha esperam que o Protocolo de Kioto seja, ao menos, renovado.

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