Jornada de Jornalismo: não é difícil “construir” um candidato

A cobertura jornalística da cidade de São Paulo foi o tema de encerramento da I Jornada de Jornalismo da ESPM. O repórter da Folha d S. Paulo, Evandro Spinelli, responsável por cobrir cidade desde 2006, simulou uma entrevista coletiva de candidatos à Prefeitura de São Paulo. Mostrou a facilidade com que o jornalista pode induzir respostas, ou construir determinada imagem dos candidatos frente a opinião pública. Spinelli afirmou: “A grande dificuldade é discutir os temas importantes para o cotidiano do cidadão, mas que, por sua especificidade, são difíceis de compreender”.
Quantos eleitores já ouviram falar em “ZEIS”, “CEPACS” ou em “coeficiente de aproveitamento” e “plano diretor”? A pergunta se transformou na principal preocupação dos três palestrantes do dia: como o jornalista pode contribuir para tornar temas tão complexos e obscuros, inteligíveis ao leitor?
Cesar Jesus Camasao, jornalista do Grupo Folha e chefe de reportagem do jornal Agora São Paulo, acredita que “caberia à imprensa fomentar o debate de assuntos relevantes, mas essa é uma grande dificuldade até pela falta de interesse da população”.
Com representantes de um jornal de elite, um jornal popular e um jornal comunitário, a ESPM encerrou a I Jornada de Jornalismo apresentando experiências para pensar a cidade a partir de lógicas diferentes. A função do jornalismo é traduzir temas complexos à população, como insistiram os convidados. Mas, esse papel de mediação “só é possível se o assunto sobre o qual escreve for conhecido a fundo e houver o uso adequado do discurso” reflete Dennis de Oliveira, professor da ECA-USP e especialista em jornalismo alternativo e popular. Sem esquecer que “lugar de repórter é na rua”, como conclui Evandro, porque “só assim é possível fazer com que a informação chegue de forma clara ao leitor”.

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