Os 140 caracteres do twitter assustam executivos?

O recado no twitter foi bem claro: “@Jeffmmel como é que meu avô chegou no twitter antes de você?”. O motivo dos 140 caracteres insolentes era mais claro ainda: foi só no começo deste mês que o diretor-presidente da General Electric Co., Jeffrey Immelt tuitou pela primeira vez. E o “Olá Twitter” dele provocou um enorme número de respostas, a maioria bem bravas com o atraso do executivo de “estar na rede”.
O The Wall Street Journal aproveitou a história para tratar do assunto de outro lado: Immelt pode até ter chegado atrasado no twitter, mas essa estreia fez dele uma “raridade” entre presidentes de companhias que mantêm grande distância das redes sociais. Mesmo, como notou o jornal, quando a empresa precisa recorrer ao meio para conversar com clientes e, principalmente, buscar novos negócios.
O artigo de Leslie Kwoh e Melissa Korn no WS Journal afirma que os presidentes das empresas estão sob pressão para pelo menos parecerem “acessíveis e autênticos” nos sites de relacionamento social. Porém, a demanda por intervenções rápidas e espontâneas – que podem quase instantaneamente ganhar caráter viral – provocam enormes riscos para as empresas e, claro, para as carreiras desses executivos . Motivo: com a rapidez da resposta, aumentam os riscos de ações judiciais, vazamento de segredos comerciais, ou pior, muita bronca de clientes bravos com o que não deveria ter sido dito, pelo menos daquela maneira e naquela velocidade.
Resultado: muitos executivos fogem dos 140 caracteres do twitter dizendo-se ocupados demais para postar mensagens. A defesa deles repete sempre o mote: o retorno que a ida ao site traria é incerto, e não há correlação provada entre número de seguidores no twitter e vendas.
Vários especialistas em liderança, porém, consideram essa argumentação como “míope”. Motivo: as pessoas querem um diretor–presidente que seja real, principalmente “querem saber o que vc pensa“ . Bill George, professor de Administração em Harvard insistiu nessa linha: “você consegue imaginar um meio mais rápido e eficiente para chegar aos clientes e ao pessoal da empresa?”
Os executivos não pensam desse modo. O artigo do WSJ mostrou: de cada dez presidentes de empresas do ranking Fortune 500 , sete não tem presença nas redes socais. A questão é que 34% de todos os americanos estão no twitter e 50% usam o Facebook
O jornal listou os “desastres” causados pelo twitters de alguns executivos, especialmente com projeções de lucros. Alguns presidentes de empresa já contrataram advogados para acompanhar seus twitters. Não deu bom resultado. O “freio jurídico” levou junto a espontaneidade e cortou toda a eficiência da comunicação.
O debate sobre a eficiência da exposição nas redes sociais dos grandes executivos está apenas no começo. O artigo do Wall Street Journal foi traduzido pelo Valor Econômico na edição de 27 de setembro na página B12.

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