Por: Giovanna Hueb, Douglas Clementino, Dora Giglio, Thiago Montero(*)
Até onde vai a ganância por um furo jornalístico? Com o passar dos anos, o jornalismo vem colecionando gafes no seu ofício cada vez maiores. Jornalistas de diversos veículos de comunicação já cometeram atrocidades na pressa de se conseguir um furo. Seria isso uma consequência direta da ambição do lucro das grandes empresas? Ou seria apenas uma consequência da falta de ética e de precaução daqueles que se dizem jornalistas?
Atualmente, qualquer estudante de jornalismo tem ciência de que um dos pilares da sua profissão é a apuração. Sem ela o ato de se fazer jornalismo não se sustenta. Antes de se publicar uma grande matéria é necessário pesquisa, fontes (3 no mínimo), dados e principalmente aquela que parece invisível aos olhos de um jornalista apressado: a cautela. Se um jornalista se compromete a publicar um texto sobre um assunto delicado, ele tem que ter plena consciência de que aquilo irá afetar a vida de alguém, seja de modo negativo quanto de modo positivo. Perguntas como “A quem essa notícia irá interessar?” “A quem ela irá afetar?” são tão importantes quanto a matéria em si.
À partir do momento em que o jornalismo deixou de ser serviço público para se tornar serviço privado, ele deixou para trás a essência do ato de reportar. Quanto antes um jornal soltar uma notícia, mais leitores ele irá atrair, mais jornais ele irá vender e por consequência, mais lucro ele irá obter. Essa vem sendo a finalidade dos grandes veículos de informação, o lucro. Quanto mais notícia produzida em menos tempo, melhor. Se não fosse assim, episódios como o caso da Escola Base jamais teriam acontecido. Um delegado com a necessidade de aparecer, somada à má intenção de uma mãe de um aluno da escola, mais a ganancia de jornalistas em busca de notícias frescas resultaram em uma das maiores catástrofes do jornalismo brasileiro.
O jornalismo perdeu a credibilidade faz um bom tempo. Enquanto as manchetes de um jornal tiverem mais espaço e mais impacto do que a seção “erratas”, essa situação não mudará tão cedo. Todo profissional erra, e os jornalistas não estão isentos disso, porém, é preciso que o mesmo espaço dado à notícia errônea, seja dada à notícia corrigida. Quem sabe assim, o laço de confiança entre jornalista e leitor não seja reatado.
(*) Alunos 3o semestre do Curso de Jornalismo da ESPM