Fernando Coelho
O termo “Economia Criativa” já faz parte da realidade de empresas e governos. Criado para nomear modelos de negócios e de gestão para atividades, produtos ou serviços desenvolvidos a partir do capital intelectual, da criatividade ou do conhecimento de indivíduos, a economia criativa inclui as indústrias criativas, artes, cultura e patrimônio e se estende para incluir atividades que dependem de criatividade para entregar inovação e competitividade.
Os números que envolvem a economia criativa no Brasil não são nada desprezíveis. De acordo com pesquisa realizada pelo Ministério da Cultura e pela consultoria PWC, a economia criativa responde por mais de 1 milhão de empregos e mais duzentos mil pequenos negócios, respondendo por uma fatia de 2,64% do PIB nacional e representando quase R$ 40 bilhões em impostos federais, anualmente. Para 2021, espera-se que o PIB da economia criativa alcance os US$ 43,7 bilhões.
Além da evidente importância da economia criativa, torna-se necessário compreender também o impacto que esta possui sobre a sociedade. Para John Newbigin, conselheiro da agência britânica Creative England, “a economia criativa precisa ser discutida em todos os países, mas com ênfase no Brasil. Aqui há diversas questões pendentes que necessitam ser abordadas nas grandes cidades e em relação ao desemprego dos jovens. O engajamento criativo e a valorização das indústrias criativas podem incentivar os recém-formados a desenvolver novas competências e a gerar novas ideias, o que os faria repensar a forma de executar e gerenciar as empresas e, quem sabe, até mesmo o governo.”
A economia criativa proporciona enormes possibilidades para transformação das empresas e da sociedade, seja em um âmbito mais local, seja no âmbito nacional. No que tange à sociedade, iniciativas que visam o aumento do nível de conhecimento e consciência da comunidade em relação às suas potencialidades e a participação desta em ações locais podem dinamizar o desenvolvimento de negócios criativos e, assim, melhorar as suas condições socioeconômicas. Nesse sentido, as tecnologias sociais representam o meio a partir do qual a solução para um problema social é implementada. As tecnologias sociais, definidas como o conjunto de técnicas e metodologias desenvolvidas e aplicadas a partir da interação com a população, representam soluções para inclusão social e melhoria das condições de vida.
A transformação social por meio das tecnologias sociais criativa tem nobres exemplos. Na cidade de Porto Alegre, a Agência de Inovação Social (UrbsNova), desenvolve uma série de parcerias para desenvolver soluções que beneficiem, social e economicamente, as partes envolvidas. Um desses projetos é o Plano de Economia Criativa (PEC), que tem como objetivo preservar os prédios com valor arquitetônico ou afetivo, direcionando-os para negócios criativos, como forma de dar sustentabilidade econômica e manter o ambiente urbano característico dessas regiões. Já na cidade do Rio de Janeiro, foram identificadas na comunidade da Mangueira mais de 20 importantes empreendimentos que, além de promoverem a cidadania na comunidade, também geram emprego e renda. O ponto em comum entre os projetos do Rio e de Porto Alegre é adoção de tecnologias sociais que se pautam ela simplicidade, baixo custo e fácil aplicabilidade para alcançar os impactos sociais desejados.