Qual o papel das decisões no dia a dia das empresas e dos gestores?

Fabiano Rodrigues
Roberto Camanho

Conforme Howard e Abbas (2016, p. 8), “decisão é uma escolha entre duas ou mais alternativas que envolve o comprometimento de recursos”. Neste sentido, os autores destacam que não basta o compromisso mental ou apenas a intenção para caracterizar uma decisão. De outra forma, o momento da decisão é o momento no qual mudar o curso de uma ação já estabelecida custa alguma coisa, seja tempo, recursos monetários, pessoas envolvidas, entre outros recursos que por definição são elementos escassos e restrições das ações.
De forma ampla, decisões são importantes, pois moldam o futuro de uma pessoa, empresa ou país. Decisões definem a forma como queremos viver, a forma que as empresas desejam operar e se posicionar frente à concorrência. Decisões ajudam a definir o futuro das pessoas e organizações.
Todavia, no mundo real, executivos são cobrados (como sempre, e cada vez mais) pelos resultados que apresentam. Os resultados incluem aspectos mercadológicos, operacionais e financeiros, resultados de curto e longo prazo, resultados globais, por unidades de negócios, por departamentos, por equipes ou individuais.
Os resultados impactam nas carreiras dos gestores e na posição competitiva das organizações. Neste cenário, uma pergunta para reflexão, qual o espaço das decisões em uma realidade que privilegia métricas de resultados?
Vamos pensar diferente… No dia a dia dos negócios, os gestores possuem uma vara mágica, como a utilizada pelo personagem Harry Potter, para dizer “aumente meu lucro em 30%”? “Faça com que minha empresa comece a vender na Europa”? Infelizmente, ou felizmente, dependendo do que se acredita ser a função dos gestores em uma organização, a resposta não muda, a resposta é NÃO….
O que posso fazer como gestor é tomar decisões para tentar chegar a determinados objetivos traçados. Posso interferir nas decisões que vão influenciar os resultados.
Este tipo de pensamento pode trazer algumas situações:

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Quadro 1: Decisões versus Resultados
Fonte: Autores (2018)

O Quadro acima apresenta um conceito central da Teoria da Decisão: qualidade de decisão é diferente de qualidade de resultado!
Existe uma máxima no campo de estudos da Análise da Decisão: uma boa decisão não aumenta a sorte do decisor e uma má decisão não se torna boa, independentemente do resultado. Boas decisões tendem (probabilisticamente) a gerar melhores resultados (mas não garantem). O resultado depende da execução, da qualidade da decisão e de outro elemento…. as incertezas.
Temos duas certezas na vida, a morte…….e o pagamento de tributos. Vivemos em um mundo probabilístico, as incertezas fazem parte, são o default e não o bug do sistema. As “incertezas” possuem um papel central, funcionam como pontes entre decisões e resultados, devem ser incorporadas no mindset dos gestores e na modelagem de problemas decisórios complexos para a ampliação do valor potencial das decisões, redução do downside risk (risco negativo) e aumento do upside risk (risco positivo).
Desta forma, se compreendermos a decisão como um “processo”, sujeito a incertezas, que termina em uma escolha (processo similar para várias situações, com as seguintes etapas: framing do problema decisório, geração de alternativas criativas e viáveis, levantamento de informações relevantes, estabelecimento de critérios e trade-offs e raciocínio lógico para modelar e extrair insights da decisão), podemos melhorar a qualidade do processo e, consequentemente, nossa capacidade para tomar melhores decisões em ambientes complexos e incertos.

Referências:
HOWARD, R. A.; ABBAS, A. E. Foundations of Decision Analysis. Pearson Higher Ed, 2016.

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