O Twitter presidencial

Por Veronica Goyzueta

Mas vale tarde que nunca é a frase que melhor se encaixa para a decisão da equipe de comunicação do governo federal de ressuscitar a conta Twitter presidencial, e de montar finalmente uma estratégia em redes sociais. O momento só não foi melhor, porque ficou evidente que o objetivo principal foi o de ajudar a recuperar as simpatias perdidas em um ano de desgaste e às portas de um ano eleitoral.

São muitos os governos que têm usado as redes sociais como forma de ter um contato mais direto com a população e incluso para pautar a imprensa. Barack Obama, Cristina Kirchner, e o falecido Hugo Chávez, são alguns dos governantes que as usaram, até com sucesso, especialmente o Twitter, uma rede que se tornou uma poderosa ferramenta de comunicação e de marketing na mão de líderes e políticos.

A conta da presidente estava abandonada desde 13 de dezembro de 2010, como um avatar fantasma, com quase 2 milhões de seguidores. Um capital valiosíssimo jogado fora pela sua equipe de comunicação, que optou por manter uma outra conta ligada a um blog, um avatar burocrático e frio em uma rede quente e viva.

O contato direto da presidência com quase dois milhões de seguidores, entre eles, eleitores, imprensa e formadores de opinião, poderia ter sido uma ferramenta de comunicação extremamente útil durante as manifestações que sacudiram o país em junho, por exemplo.

Na semana mais intensa dos movimentos, quando manifestantes subiam literalmente a rampa do Congresso, a equipe de comunicação da presidência preferiu o silêncio, o que prolongou mais ainda a tensão e pode ter tido efeitos na queda de avaliação do governo.

Assim que decidiu voltar a usar o Twitter e ter uma presença no Instagram e no Facebook, a presidência registrou um aumento de mais 20 mil novos seguidores em um único dia, uma mostra de como os usuários na rede estavam ávidos por um contato.

Enquanto a equipe de comunicação não acordava, o Twitter presidencial foi salvo nas redes por um humorista de 23 anos, Jefferson Monteiro, criador de uma sátira que manteve a imagem da presidência ativa nas redes, mesmo que em forma de humor. Foi muito boa a ideia da equipe de comunicação do Planalto de relançar a conta aproveitando o similar debochado. Uma grande sacada de comunicação, que poderia ter saído da manga há tempos e não só quando começa a conta regressiva para a próxima eleição.

Comentários estão desabilitados para essa publicação