Por Cesar Veronese, Professor do CPV Vestibulares
Nesta sexta-feira, 18.10, começa a 37a. MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO. Até o dia 31 serão exibidos mais de 350 títulos distribuídos em cerca de 1500 sessões. Cancele todas as atividades que você puder e se dedique à maratona de assistir ao máximo possível de filmes. Espremendo bem, é possível ver cinco filmes por dia.
Claro que é um exagero emendar um filme no outro. Qualquer iguaria, por mais sofisticada, pode empanturrar. Mas aqui o empanturramento é justificável por vários motivos.
Primeiro, porque a quase totalidade desses títulos jamais serão exibidos outra vez no Brasil e nem serão lançados em dvd. E boa parte não será disponibilizada nem na Internet. E por que não terão espaço nas salas de cinema e nas prateleiras das lojas? Simplesmente porque estão na contramão do cinema boboca de entretenimento com o qual Hollywood massacra os espectadores ao redor do mundo, criando, assim, um gosto médio pífio.
Segundo porque muitos filmes são realizados com baixíssimos recursos e estão fora do esquema das grandes distribuidoras. Terceiro, porque seus diretores não estão interessados em ganhar dinheiro. Seu compromisso é com o homem e o “estado das coisas”. São filmes que discutem, problematizam, denunciam e contestam o status quo.
Nesse sentido, a Mostra, em que pese toda a dose de diversão embutida no conjunto dos filmes – afinal de contas o cinema é uma arte – é, antes de tudo, um fórum mundial. Um espaço público para a exibição de filmes e o debate em torno das grandes questões que desafiam a humanidade. Por isso, ao longo das suas quase quatro décadas de existência, a Mostra de São Paulo afirmou-se como um ponto de encontro dos principais diretores de cinema do mundo.
Neste ano, estão confirmadas, entre outras, as presenças de Jia Zang-khê, o mais importante realizador chinês (O MUNDO, EM BUSCA DA VIDA, MEMÓRIAS DE XANGAI, este último recém-lançado em dvd no Brasil); Amos Gitai, o mais influente diretor israelense, Mika Kaurismaki, o grande nome do cinema finlandês (seu penúltimo filme, O PORTO, discute a delicada questão da imigração ilegal na Europa, tema, aliás, do excelente TERRA FIRME, em cartaz na Reserva Cultural). Mas o nome mais esperado é o de Ettore Scola (UM DIA MUITO ESPECIAL, O BAILE), que, devido a problemas de saúde, ainda não confirmou sua presença.
Como sempre acontece, há presenças confirmadas que às vezes frustram as plateias. E na hora da sessão somos informados que o diretor não pode comparecer porque foi preso ao tentar deixar seu país de origem. Esse talvez seja o índice maior para se avaliar a importância da Mostra. Muito do que os filmes discutem é o que governos tentam ocultar, corporações tentam manipular e genocidas procuram negar. O contrário das reuniões de cúpula, como a de Davos-Platz, onde o que se discute e o que se assina não passa de uma encenação para amenizar os ânimos de jornalistas e de uma opinião pública pouco esclarecida.
Entre os lançamentos de diretores brasileiros, destaca-se JOGO DAS DECAPITAÇÕES, de Sérgio Bianchi. Em entrevista ao jornal O GLOBO o diretor afirmou que seu filme procura mostrar que “a política é o esporte preferido da esquerda no Brasil”.
A programação completa da Mostra está no site: 37.mostra.org
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