A presença das mulheres no mercado financeiro

Ricardo Cruz

Não é de hoje que se discute a evolução da presença das mulheres no mercado financeiro, um ambiente historicamente masculino. Num dos segmentos do mercado financeiro que mais exige preparo e conhecimento – o mercado de renda variável, num recente estudo a participação das mulheres nas negociações de ativos que apresentam volatilidade cresceu em diversificação e volume de aplicação.

As mulheres diversificaram seus investimentos ao longo dos anos se considerarmos desde 2016, até os meados de 2022, segundo a B3: cerca de 75% das aplicações dos investidores mulheres estavam em ações das S/As e hoje a diversificação de portfólio já atinge mais de 40% dos produtos de renda varável que são negociados na bolsa de valores (B3 – 2º. Trimestre de 2022).

Tal fato é fruto da luta pela inclusão das mulheres não só no mercado financeiro e sim no ambiente de trabalho profissionalmente, mesmo que marcado no início por uma colaboração e subserviência que contemporaneamente representa uma realidade feminina atuante e conquistando o seu lugar no ecossistema empresarial (Nascimento,2018).

Não só no mercado de bolsa a presença feminina é marcante, dos investidores em geral cerca de 42% são mulheres, concentrados na região sudeste – 48%, concentrando seus investimentos na caderneta de poupança, fundos de investimentos, títulos privados, tesouro direto e bolsa de valores (Anbima 2020).

Embora ainda de forma tímida, se pode notar uma maior participação feminina não só na área de investimentos em bolsa de valores, mas atuando diretamente na gestão das empresas, uma pesquisa da Talenses aponta o gênero ocupando 26% em posições de diretoria, 23% nas vice-presidências e 15% nos cargos em conselhos.

Entretanto, considerando o apetite das mulheres no mercado financeiro em especial na área de bolsa que requer maior preparo – como dito anteriormente, pode-se notar que nos últimos anos a participação feminina foi expressiva e com tickets de aplicação maiores na abertura deste tipo de investimento:

Este breve relato não tem a pretensão de ser conclusivo e sim aumentar o interesse daqueles que estudam a evolução da presença feminina no mercado financeiro uma vez que o cenário aqui desta narrativa demonstra o avanço e a persistência das profissionais do gênero feminino em participar do setor financeiro.

A princípio nos parece que os padrões de conduta têm sofrido transformações, mesmo que ainda se tenha cerca de 60% no país de não investidores e fica uma indagação aqui a ser investigada: em que condições e por que são não investidores? E desses não investidores quantos são mulheres?

Vale ressaltar que dos brasileiros que conseguiram poupar, 58% deles investiram no mercado financeiro pois o open finance que avança sistematicamente, já traz maior comodidade e facilidade aos cidadãos que desejam aplicar recursos.

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