A arte é a melhor expressão da liberdade

Por João Carlos  (Joca)

Um filme que é teatro. Um documentário que é drama. Arte que é Realidade. Assim é, “César deve morrer”, o filme vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim 2012, dirigido pelos irmãos Taviani.

Contando com a parceria de um diretor teatral, Fabio Cavalli – creditado como corroteirista –, os Taviani lançam-se a esta experiência inusitada, começando pela escolha dos intérpretes-atores que são detentos da prisão de segurança máxima Rebibbia, nos arredores de Roma.

Sem se preocupar em saber quais foram os crimes cometidos por aqueles homens, os diretores acompanharam e filmaram, por seis meses, os ensaios da peça Júlio César de Shakespeare. A analogia ou paralelo entre esse drama clássico e o mundo de hoje mostra como a universalidade e a atualidade do bardo inglês ajuda os detentos a pensarem e entenderem suas próprias histórias e seus dramas.

Em termos de linguagem cinematográfica, genialmente, os irmãos Taviani exploram esse apagamento da fronteira entre vida e arte, entre realidade e encenação, usando o próprio ambiente da prisão como cenário principal, já que o filme, como mencionamos, se ocupa principalmente dos ensaios da referida peça.

Interessante notar que o espaço cênico do presídio, com suas paredes, muros, janelas e portas marcados pelo tempo, remetem de modo perfeito, ao visual dos corredores do Fórum Romano e outros espaços presente na ficção narrativa original.

A chamada do cartaz do filme, “A Arte é a melhor expressão da Liberdade”, aponta para a grande metáfora do filme: o poder transformador da arte, pois o lugar em que quase toda a esperança parece perdida ou esquecida, é o mesmo espaço-lugar em que renasce a esperança de liberdade,  aproximando a complexidade da própria existência humana à Arte, que a imita de modo avassalador e tocante.

Serviço:   Estréia da semana
“Cesar deve morrer”, Itália/2012, 76 min.
Direção Paolo e Vittorio Taviani
Em cartaz: Espaço Itaú Augusta e Reserva Cultural.

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