WhatsApp eleva idade mínima para usuários na União Europeia

O WhatsApp elevou a idade mínima para seus usuários na Europa a 16 anos, e com isso se tornou um dos primeiros serviços de mensagens online a responder às novas regras da União Europeia sobre a administração de dados de usuários, antes que estas entrem em vigor, no mês que vem.
O app de mensagens instantâneas, controlado pelo Facebook, tem cerca de 1,5 bilhão de usuários no planeta e disse que a decisão surgiu em resposta ao Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia, que regulará a maneira pela qual as empresas administram as informações de que dispõem sobre os consumidores.
O novo regime proibirá o processamento de informações pessoais sobre crianças de menos de 16 anos a não ser que seus pais ou responsáveis aprovem. Mas os países membros da União Europeia também poderão determinar a idade em que consentimento dos responsáveis será exigido para uso de dados de crianças de entre 13 e 16 anos, e o WhatsApp respeitará essas decisões. A idade mínima para uso do app fora da União Europeia continuará a ser de 13 anos.
No entanto, não está claro de que maneira o WhatsApp aplicará suas novas regras. A empresa informou que “não solicita a data de nascimento de seus usuários, e que isso não mudará com a nova atualização”.
A decisão provavelmente colocará pressão sobre outros apps de mensagens para que adotem normas semelhantes. As ações da Snap, controladora do Snapchat, que tem grande público entre os adolescentes, caíram em 8% na quarta-feira, enquanto os investidores digeriam a notícia de que o acesso de seus usuários mais jovens ao serviço pode ser cortado.
De acordo com a companhia de pesquisa de mercado eMarketer, cerca de 20% dos usuários do Snapchat nos Estados Unidos têm idades de entre 12 e 17 anos.
Debra Williamson, analista da eMarketer, disse que a decisão do WhatsApp gerava uma “pergunta lógica”: os demais apps de redes sociais, entre os quais o Instagram e Facebook, parte do mesmo grupo do app de mensagens, não teriam de fazer o mesmo?
“Mas é bem sabido que muitos dos usuários mais jovens de mídia social registram datas de nascimento falsas quando assinam para plataformas de mídia social que solicitam informações sobre idade”, ela disse.
O Twitter também alertou na quarta-feira quanto ao potencial impacto sobre seus usuários das novas regras de proteção de dados da União Europeia.
O Facebook anunciou na semana passada que solicitaria aos usuários que dizem ter menos de 16 anos de idade que obtivessem permissão de seus pais ou responsáveis para uso do serviço. Sem aprovação dos, pais, crianças dos 13 aos 15 anos não poderão receber publicidade direcionada ou incluir informações religiosas e políticas em seus perfis.
“Esses adolescentes verão uma versão menos personalizada do Facebook, com compartilhamento restrito e publicidade menos relevante, até que obtenham permissão de um pai ou responsável para usar todos os aspectos do Facebook”, a empresa anunciou.
John Delaney, analista do grupo de pesquisa de mercado IDC, disse que a decisão do WhatsApp irritaria muitos dos usuários mais jovens do app, bem como pais que o usam para se comunicar com seus filhos.
“Esse parece ser um dos primeiros exemplos dos efeitos colaterais inesperados que o GDPR deve produzir”, ele disse. “Em lugar de solicitar consentimento paterno para todos os usuários do WhatsApp com idade inferior a 16 anos, como requer o GDPR, parece que o Facebook em lugar disso decidiu excluir completamente os menores de 16 anos do WhatsApp. Conheço pelo menos uma criança de 12 anos que gostaria de usar o WhatsApp e vai se sentir muito irritada (ou “pistola”, como ela diria), por causa disso”.
Enquanto isso, a Amazon introduziu novos controles paternos para sua assistente virtual controlada por voz, Alexa. Eles incluem limitação do tempo de uso dos alto-falantes inteligentes da Amazon, para impedir que crianças os usem a noite toda, e uma função “palavra mágica” que forçará os usuários mais jovens a usar a expressão “por favor” em suas interações com o sistema. Os novos controles também permitirão que pais bloqueiem a execução de músicas com letras explícitas, no serviço de música da Amazon.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/04/whatsapp-eleva-idade-minima-para-usuarios-na-uniao-europeia.shtml

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