Venda pela internet perde tração, enquanto loja física retoma fôlego

O que o mercado esperava acabou se confirmando. Todo o varejo sentiu a puxada de freio que a operação on-line vem enfrentando nos últimos meses, como mostram os relatórios de resultados das varejistas de bens duráveis publicados na semana passada. Mas aquilo que acabou surpreendendo, e não estava nas projeções, pode ajudar a dar algum vigor ao ano, daqui para frente. As lojas físicas estão retomando o fôlego, no movimento mais consistente desde que a pandemia perdeu força, e com impacto positivo nas projeções do segundo semestre.

Ao se considerar os números do segundo trimestre, as vendas transacionadas pelas plataformas do Mercado Livre, Americanas, Magazine Luiza e Via avançaram 5,9%, para R$ 45,45 bilhões, sendo que as lojas físicas cresceram 14,4%, para R$ 12,84 bilhões – puxadas, especialmente, pelo desempenho de Lojas Americanas e Via (Casas Bahia e Ponto Frio). Já o Magalu se saiu melhor no on-line do que nas lojas. Redes de moda também mostraram aceleração maior no ponto físico.

Ao se desconsiderar o Mercado Livre desses números, já que a empresa não tem pontos físicos, o on-line recuou 2,2%, enquanto as lojas subiram 14,4%.

Numa análise do primeiro semestre, o digital acelerou 5,8% (sem Mercado Livre), mas as lojas avançam menos, 3,6%, porque a recuperação do canal físico ganhou ritmo nos últimos dois ou três meses, concentrada no segundo trimestre. Ainda está, portanto, em fase de retomada, a depender dos números do terceiro trimestre para se confirmar. “O Brasil ainda é muito físico. O consumidor gosta da loja e o futuro será híbrido [físico e on-line] A loja física ganhou prioridade porque temos mais ‘assets’ nela, como o crediário, que é uma experiência forte na loja e nesse cenário econômico, cabe no bolso”, disse, na sexta-feira, Roberto Fulcherberguer, CEO da Via

Há naturalmente, o efeito de base de comparação favorável de 2021, já que as lojas ainda sentiam a crise no ano passado, e o digital estava aquecido, mas executivos são unânimes em afirmar que a questão não se resume apenas a aspectos da base anual, mas de normalização de desempenho. E reforçam que não se trata de uma disputa de canais. Com operações de lojas e on-line mais integradas desde a pandemia (da compra no digital e retirada em loja à negociação com vendedores da loja por WhatsApp) hoje um canal “puxa” o outro, de maneira a se buscar equilíbrio entre vendas e margens.

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/08/16/venda-pela-internet-perde-tracao-enquanto-loja-fisica-retoma-folego.ghtml

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