Uma delegação formada por cinco congressistas americanos chegou a Taiwan neste domingo (14) para se encontrar com a presidente Tsai Ing-wen e outras autoridades locais. Este é o segundo grupo de alto nível a desembarcar na ilha em menos de 15 dias, adicionando mais um capítulo à crise aberta entre Washington e Pequim após a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, no início de agosto.
A embaixada de fato dos EUA em Taipei disse que a delegação está sendo liderada pelo senador democrata Ed Markey, acompanhado por quatro legisladores da Câmara, e que a escala faz parte de parte de uma viagem maior à região do Indo-Pacífico.
“A delegação se reunirá com líderes seniores de Taiwan para discutir as relações EUA-Taiwan, segurança regional, comércio e investimento, cadeias de suprimentos globais, mudanças climáticas e outras questões significativas de interesse mútuo”, disse a embaixada.
Em comunicado, o gabinete presidencial de Taiwan disse que o grupo se encontrará com Tsai na manhã de segunda-feira (15) e afirmou que, num momento em que a China está aumentando as tensões na região com exercícios militares, uma delegação liderada por Markey demonstra o firme apoio do Congresso americano a Taiwan.
Markey preside o Subcomitê de Relações Exteriores da Ásia Oriental, Pacífico e de Segurança Cibernética Internacional no Senado, e está sendo acompanhado pelos parlamentares John Garamendi, Don Beyer, Alan Lowenthal e Aumua Amata.
De acordo com o gabinete do senador, a delegação vai reafirmar o apoio dos Estados Unidos à ilha, incentivando a estabilidade e paz em todo o Estreito de Taiwan. “[O grupo se reunirá] com líderes eleitos e membros do setor privado para discutir interesses compartilhados, incluindo a redução das tensões no Estreito de Taiwan e a expansão da cooperação econômica, incluindo investimentos em semicondutores”, explicou.
Neste domingo, o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan publicou fotos do grupo sendo recebido no aeroporto após pousarem em Taipei num jato da Força Aérea dos EUA. Markey chegou pelo aeroporto internacional de Taoyuan.
Em comunicado neste domingo, a Embaixada da China nos EUA disse que “membros do Congresso deveriam agir em consonância com a política americana de uma só China”.
Para a representação chinesa, esta nova visita “mais uma vez prova que os EUA não querem a estabilidade em torno do Estreito de Taiwan e não têm poupado esforços para promover a confrontação entre os dois lados e interferir em questões internas da China”.
A viagem ocorre num momento em que a tensão entre Washington e Pequim cresceu exponencialmente após a ida de Nancy Pelosi à ilha que a China reivindica como parte de seu território. Como resposta à visita da parlamentar, Pequim fez mobilizações militares recordes no entorno de Taiwan.
Embora os exercícios tenham diminuído nos últimos dias, eles ainda continuam sendo executados. Neste domingo, Taipé disse que 11 aeronaves militares chinesas cruzaram a linha mediana do Estreito de Taiwan ou entraram na zona de defesa aérea da ilha. No sábado, autoridades locais afirmaram que 13 aviões cruzaram o estreito.
A viagem de Nancy Pelosi a Taipé indicou o começo de um novo capítulo na relação entre os EUA e a China. Na última sexta-feira (12), um assessor do presidente Joe Biden disse que Washington vai fortalecer o comércio com Taiwan e fazer novas travessias aéreas e marítimas através do estreito que separa a ilha da China continental, em resposta ao que chama de “ações provocativas” de Pequim.
Segundo Kurt Campbell, coordenador da Casa Branca para assuntos da Ásia-Pacífico, as forças americanas devem transitar pela região nas próximas semanas, e um mapa ambicioso sobre a relação comercial será divulgado dentro de alguns dias.
